Vazio e ocupado.
Não fazendo música, mas um toque de cinema já tá ajudando.
Conseqüências da Mostra, eu já deveria esperar.
Minhas notas caíram.
Minha moral também.
Professor bom cobra muito. Talvez só assim a gente aprenda assuntos chatos (já que pros legais a gente nem precisa fazer esforço)
É triste.
E sei que parte é o trabalho, que me mata e suga a felicidade da minha alma... Mas só é assim porque é algo que não gosto. Com música ou cinema tudo seria diferente.
Until then...
Faz tempo que não sou sincero aqui.
Às vezes até faz bem...
domingo, 14 de novembro de 2004
Bem Vindo a São Paulo (3,7)
(BRA - 100min - 2004)
Dezessete diretores de países variados foram convidados a filmar com uma Betacam qual era a cara da cidade de São Paulo para eles. A união dos resultados dessa idéia é o filme Bem Vindo a São Paulo. Para costurar as idéias de um curta a outro, foi convidado a narrar sobre as imagens da cidade e de sua transformação Caetano Veloso, com textos bonitos, que fazem pensar e até um poema lindo que introduz o curta morto "Natureza morta".
O próprio Caetano assina um dos curtas, "Concreto", em que nomeia árvores nacionais do modo como os índios as chamavam. Algo como um atestado de mea culpa pela imposição portuguesa suprimindo as culturas nativas. Ou pelo menos o reconhecimento de um descendente dessa violação.
Gostei muito de "Alguma coisa acontece", da Maria de Medeiros (a Fabienne, de Pulp Fiction), que lê a letra de "Sampa" com seu sotaque português enquanto mostra o ponto de vista de alguém que atravessa uma rua, entra num prédio, sobe o elevador e vê a cidade do alto. Muito bonito.
Interessante o Amos Gitai falando sobre o que ele queria fazer para filmar o curta, o que ele queria mostrar. E isso já é o curta em si. Uma metalinguagem peculiar.
"Signos" mostra rapidamente a poluição visual da cidade. Isso é um sinal de evolução? Max Lemcke consegue mostrar muito da cidade só com suas placas, avisos, lambe-lambes, luminosos e placares. Criativo e dá uma boa imagem do caos visual dessa megalópole.
Leon Cakoff, o grande pai da Mostra, organizador máximo dessa festa, imita Gitai em seu curta "Esperando Abbas". Abbas Kiarostami queria fazer um curta sobre uma menina que pega revistas nas lixeiras da Av. Paulista e essa menina tinha um amigo também morador de rua. Tudo real, nada de atores. O filme de Cakoff é uma entrevista com a pessoa que faria esse morador de rua, um rapaz que guarda carros, sem instrução e com o senso lógico comprometido, provavelmente por culpa da sua situação social marginalizada. Tragicômico. Cinema do acaso.
Mas o melhor é o último - que deu nome ao conjunto de filmes -, do alemão Wolfgang Becker, o mesmo de Adeus, Lênin. Uma batida eletrônica com um toque de axé para uma busca acelerada por algum estabelecimento desconhecido. Achado o lugar (uma loja de discos), olha-se disco a disco - com uma edição perfeita. Achado o disco, vai para a vitrola. Sai o som eletrônico e entra, ao descer da agulha, "Sampa", de Caetano Veloso. E ouvimos toda a música com imagens poéticas da cidade. L-I-N-D-O.
Mas fora esses geniais, há alguns parados que não dizem muito e que não mostram nem um lado bonito, nem poético, nem caótico. Só mostram. Coisa que qualquer paulistano que tenha botado o nariz pra fora de casa vê normalmente, como "Manhã de Domingo", do famoso finlandês Mika Kaurismäki.
Outros até beiram o desinteresse, como o de Kiju Yoshida. Este mostra uma atriz japonesa entrevistando uma "sansei" brasileira. Conversam sobre os difíceis primeiros dias de imigração japonesa e suas conseqüências. Cansativo.
Ou até "Fartura", que mostra uma feira de rua, como qualquer outra. Pode até ser exótico pros olhos extra-nacionais, mas tinha melhor jeito de mostrar isso além de só filmar a feira, sem acrescentar nada.
Uma mescla de ótimos, de médios e de banais. Apesar da iniciativa pertinente à Mostra, não é (só) isso que é São Paulo, mas já é um começo. Um bom começo.
(BRA - 100min - 2004)
Dezessete diretores de países variados foram convidados a filmar com uma Betacam qual era a cara da cidade de São Paulo para eles. A união dos resultados dessa idéia é o filme Bem Vindo a São Paulo. Para costurar as idéias de um curta a outro, foi convidado a narrar sobre as imagens da cidade e de sua transformação Caetano Veloso, com textos bonitos, que fazem pensar e até um poema lindo que introduz o curta morto "Natureza morta".
O próprio Caetano assina um dos curtas, "Concreto", em que nomeia árvores nacionais do modo como os índios as chamavam. Algo como um atestado de mea culpa pela imposição portuguesa suprimindo as culturas nativas. Ou pelo menos o reconhecimento de um descendente dessa violação.
Gostei muito de "Alguma coisa acontece", da Maria de Medeiros (a Fabienne, de Pulp Fiction), que lê a letra de "Sampa" com seu sotaque português enquanto mostra o ponto de vista de alguém que atravessa uma rua, entra num prédio, sobe o elevador e vê a cidade do alto. Muito bonito.
Interessante o Amos Gitai falando sobre o que ele queria fazer para filmar o curta, o que ele queria mostrar. E isso já é o curta em si. Uma metalinguagem peculiar.
"Signos" mostra rapidamente a poluição visual da cidade. Isso é um sinal de evolução? Max Lemcke consegue mostrar muito da cidade só com suas placas, avisos, lambe-lambes, luminosos e placares. Criativo e dá uma boa imagem do caos visual dessa megalópole.
Leon Cakoff, o grande pai da Mostra, organizador máximo dessa festa, imita Gitai em seu curta "Esperando Abbas". Abbas Kiarostami queria fazer um curta sobre uma menina que pega revistas nas lixeiras da Av. Paulista e essa menina tinha um amigo também morador de rua. Tudo real, nada de atores. O filme de Cakoff é uma entrevista com a pessoa que faria esse morador de rua, um rapaz que guarda carros, sem instrução e com o senso lógico comprometido, provavelmente por culpa da sua situação social marginalizada. Tragicômico. Cinema do acaso.
Mas o melhor é o último - que deu nome ao conjunto de filmes -, do alemão Wolfgang Becker, o mesmo de Adeus, Lênin. Uma batida eletrônica com um toque de axé para uma busca acelerada por algum estabelecimento desconhecido. Achado o lugar (uma loja de discos), olha-se disco a disco - com uma edição perfeita. Achado o disco, vai para a vitrola. Sai o som eletrônico e entra, ao descer da agulha, "Sampa", de Caetano Veloso. E ouvimos toda a música com imagens poéticas da cidade. L-I-N-D-O.
Mas fora esses geniais, há alguns parados que não dizem muito e que não mostram nem um lado bonito, nem poético, nem caótico. Só mostram. Coisa que qualquer paulistano que tenha botado o nariz pra fora de casa vê normalmente, como "Manhã de Domingo", do famoso finlandês Mika Kaurismäki.
Outros até beiram o desinteresse, como o de Kiju Yoshida. Este mostra uma atriz japonesa entrevistando uma "sansei" brasileira. Conversam sobre os difíceis primeiros dias de imigração japonesa e suas conseqüências. Cansativo.
Ou até "Fartura", que mostra uma feira de rua, como qualquer outra. Pode até ser exótico pros olhos extra-nacionais, mas tinha melhor jeito de mostrar isso além de só filmar a feira, sem acrescentar nada.
Uma mescla de ótimos, de médios e de banais. Apesar da iniciativa pertinente à Mostra, não é (só) isso que é São Paulo, mas já é um começo. Um bom começo.
Os Educadores (4,8)
(The Edukators - ALE/AUS - 127min - 2004)
Filme que discute posições políticas e ideologias coletivas.
A história é uma uma dupla de rapazes que se entitulam "Os Educadores". Essa dupla entra em grandes casas mansões pra revirar os móveis e deixar alertas de que o dinheiro deles está sendo mal usado ou que eles têm dinheiro demais.
É um filme muito interessante, muito político, claro, bastante cabeça e inteligentíssimo. E mostra como a sociedade pode ser podre, discutindo esses valores.
A direção é ótima. A trilha sonora é maravilhosa, com rocks pesados e toques de música eletrônica, um tema final do Jeff Buckley muito bonito, que é repetido quase um pouco demais.
É um filme muito bom, gostoso de assistir, divertido, e que passa rápido, embora não seja leve.
Os atores estão bem, o roteiro é forte, consistente.
A única coisa que podia ser melhor é a edição. Mas nada demais. Os atores, além de talentosos, são muito bonitos, outro chamariz.
Os Educadores é um filme que fala sobre revoluções, mas também tem uma história paralela de conflitos, de troca de casais, o que diz que toda posição reflete uma escolha na reação. Toda revolução tem suas conseqüências e se paga por cada mudança. Isso se opera tanto politicamente quanto no relacionamento dos dois amigos, quando da entrada da namorada de um no time deles.
"Algumas pessoas nunca mudam". Genial. Saí do filme vendo mais nitidamente o mundo corrupto e hipócrita que nos circunda, porque o filme revela algumas verdades do mundo.
(The Edukators - ALE/AUS - 127min - 2004)
Filme que discute posições políticas e ideologias coletivas.
A história é uma uma dupla de rapazes que se entitulam "Os Educadores". Essa dupla entra em grandes casas mansões pra revirar os móveis e deixar alertas de que o dinheiro deles está sendo mal usado ou que eles têm dinheiro demais.
É um filme muito interessante, muito político, claro, bastante cabeça e inteligentíssimo. E mostra como a sociedade pode ser podre, discutindo esses valores.
A direção é ótima. A trilha sonora é maravilhosa, com rocks pesados e toques de música eletrônica, um tema final do Jeff Buckley muito bonito, que é repetido quase um pouco demais.
É um filme muito bom, gostoso de assistir, divertido, e que passa rápido, embora não seja leve.
Os atores estão bem, o roteiro é forte, consistente.
A única coisa que podia ser melhor é a edição. Mas nada demais. Os atores, além de talentosos, são muito bonitos, outro chamariz.
Os Educadores é um filme que fala sobre revoluções, mas também tem uma história paralela de conflitos, de troca de casais, o que diz que toda posição reflete uma escolha na reação. Toda revolução tem suas conseqüências e se paga por cada mudança. Isso se opera tanto politicamente quanto no relacionamento dos dois amigos, quando da entrada da namorada de um no time deles.
"Algumas pessoas nunca mudam". Genial. Saí do filme vendo mais nitidamente o mundo corrupto e hipócrita que nos circunda, porque o filme revela algumas verdades do mundo.
Casa Vazia (4,8)
(Bin-jip - SKOR/JAP - 95min - 2004)
      É o tipo de história que pode-se enxergar muitas dentro dela.
      Primordialmente é uma história de amor. O seu enredo é muito interessante: um rapaz entra nas casas de pessoas que estão viajando, faz comida, passa um final de semana e, em troca, lava as roupas do morador à mão e conserta tudo que tem de quebrado ou errado na casa. Numa dessas investidas, ele entra em um domicílio que ele pensa estar vazio. Lá, há uma mulher que acabou de ser agredida pelo marido, mas este não está. Ao retorno do marido, o invasor se enfurece e intercede. Ela então foge com o recente amigo e passam a fazer a dois o que antes ele fazia sozinho: entrar em casas vazias.
      A inserção dela nas atitudes dele provoca alguns sorrisos, como quando ela passa a ficar a seu lado nas fotos que ele tira de si mesmo junto com algum objeto da casa invadida.
      É um filme saboroso e simples no que conta, mas muito complexo no que quer dizer. E como é típico no cinema oriental, diz muito falando pouco. Quase não há falas, mas tem uma estética visual linda. A fotografia é muito bonita e as cores na pós-produção são um primor. É de encher os olhos.
      A atuação do casal principal é instigante, captando o espectador pra dentro da história deles. Destaque para a expressividade do olhar de Hee Jae, o invasor, em quem incide o ponto de vista principal.
      O roteiro é genial, inteligentíssimo. E, por meio desse enredo simples e diferente, diz muito sobre o nosso mundo. Para melhor explicar a sua intenção como diretor e roteirista - bastante promissor, aliás -, Kim Ki-duk fecha o filme com uma frase ótima antes dos créditos: "É difícil dizer se vivemos num mundo de ilusão ou realidade".
      Diferente, interessante, divertido e muito, muito lindo.
(Bin-jip - SKOR/JAP - 95min - 2004)
      É o tipo de história que pode-se enxergar muitas dentro dela.
      Primordialmente é uma história de amor. O seu enredo é muito interessante: um rapaz entra nas casas de pessoas que estão viajando, faz comida, passa um final de semana e, em troca, lava as roupas do morador à mão e conserta tudo que tem de quebrado ou errado na casa. Numa dessas investidas, ele entra em um domicílio que ele pensa estar vazio. Lá, há uma mulher que acabou de ser agredida pelo marido, mas este não está. Ao retorno do marido, o invasor se enfurece e intercede. Ela então foge com o recente amigo e passam a fazer a dois o que antes ele fazia sozinho: entrar em casas vazias.
      A inserção dela nas atitudes dele provoca alguns sorrisos, como quando ela passa a ficar a seu lado nas fotos que ele tira de si mesmo junto com algum objeto da casa invadida.
      É um filme saboroso e simples no que conta, mas muito complexo no que quer dizer. E como é típico no cinema oriental, diz muito falando pouco. Quase não há falas, mas tem uma estética visual linda. A fotografia é muito bonita e as cores na pós-produção são um primor. É de encher os olhos.
      A atuação do casal principal é instigante, captando o espectador pra dentro da história deles. Destaque para a expressividade do olhar de Hee Jae, o invasor, em quem incide o ponto de vista principal.
      O roteiro é genial, inteligentíssimo. E, por meio desse enredo simples e diferente, diz muito sobre o nosso mundo. Para melhor explicar a sua intenção como diretor e roteirista - bastante promissor, aliás -, Kim Ki-duk fecha o filme com uma frase ótima antes dos créditos: "É difícil dizer se vivemos num mundo de ilusão ou realidade".
      Diferente, interessante, divertido e muito, muito lindo.
Confissões Muito Íntimas (3,8)
(Intimate strangers - FRA - 104min - 2004)
Nem só de nome é feito o filme. É isso que acontece com o diretor Patrice Leconte.
Este é um bom filme baseado num roteiro até bem original: uma mulher com problemas com o marido resolve procurar um psicanalista mas confunde a porta do médico com a de um corretor fiscal. Ele não revela a ela que não é o que ela pensa e começa a se interessar pelo seu relato. Ela acaba descobrindo mas mesmo assim mantém a relação porque lhe faz bem. Ele, por outro lado, passa ver o psicanalista, o da porta certa, por causa dela. Tudo complica quando o marido dela descobre e imagina que ela está tendo um caso com o psicanalista, que não é um psicanalista. Trata com humor os mistérios da mente e das relações humanas.
É um filme divertido, inteligentíssimo, principalmente nos diálogos rápidos. Sagaz e engraçado.
Mas é exatamente a direção que peca em alguns pontos, como por exemplo deixa o filme perder o pique do meio para o final e tenta corrigir com uma trilha sonora de suspense, suspensão que não há no filme.
A edição tem uns erros grotescos como falta de corte de claquete digital, que chega a aparecer por alguns milissegundos. Não só por isso a direção em geral não é boa, com câmeras na mão tenta jogar o espectador pra dentro da história quando não precisa, quando os atores (muito bons, aliás) poderiam fazer o trabalho por si. Isso acaba deixando o filme um pouco forçado. Os enquadramentos seguem a mesma linha de desinteresse.
É um filme com um tema interessante, um enredo incomum, mas que não foi bem tratado pelo diretor. Está longe de ser um filme ruim. Destaque para as atuações tanto de Fabrice Luchini (o "psiquiatra") quanto de Sandrine Bonnaire (a mulher).
(Intimate strangers - FRA - 104min - 2004)
Nem só de nome é feito o filme. É isso que acontece com o diretor Patrice Leconte.
Este é um bom filme baseado num roteiro até bem original: uma mulher com problemas com o marido resolve procurar um psicanalista mas confunde a porta do médico com a de um corretor fiscal. Ele não revela a ela que não é o que ela pensa e começa a se interessar pelo seu relato. Ela acaba descobrindo mas mesmo assim mantém a relação porque lhe faz bem. Ele, por outro lado, passa ver o psicanalista, o da porta certa, por causa dela. Tudo complica quando o marido dela descobre e imagina que ela está tendo um caso com o psicanalista, que não é um psicanalista. Trata com humor os mistérios da mente e das relações humanas.
É um filme divertido, inteligentíssimo, principalmente nos diálogos rápidos. Sagaz e engraçado.
Mas é exatamente a direção que peca em alguns pontos, como por exemplo deixa o filme perder o pique do meio para o final e tenta corrigir com uma trilha sonora de suspense, suspensão que não há no filme.
A edição tem uns erros grotescos como falta de corte de claquete digital, que chega a aparecer por alguns milissegundos. Não só por isso a direção em geral não é boa, com câmeras na mão tenta jogar o espectador pra dentro da história quando não precisa, quando os atores (muito bons, aliás) poderiam fazer o trabalho por si. Isso acaba deixando o filme um pouco forçado. Os enquadramentos seguem a mesma linha de desinteresse.
É um filme com um tema interessante, um enredo incomum, mas que não foi bem tratado pelo diretor. Está longe de ser um filme ruim. Destaque para as atuações tanto de Fabrice Luchini (o "psiquiatra") quanto de Sandrine Bonnaire (a mulher).
Zatoichi (2,8)
(Zatôichi - Japão - 116min - 2003)
É um filme sobre samurais e que não difere muito de qq outro filme do gênero no país. Mas o que sua história traz de inovação é que o personagem principal é um samurai cego, que sente mais as pessoas do que as vê. Infelizmente essa sensibilidade não foi bem usada no filme.
As coreografias de luta são muito boas, empolgantes. Mas não serve pra quem procura um filme um pouco mais cabeça. Interessante que há algumas cenas que assemelha o filme a um musical, mas não as de batalha, cenas de coisas comuns. O barulho da ação das pessoas acompanha a música. É nesse sentido que parece um musical, como se na ação costumeira das pessoas houvesse algum ritmo.
Trata superficilamente também até o tema da androginia, por um menino que se disfarça de gueixa para matar um membro importante de uma gangue.
A história é sobre brigas de gangues de samurais, que no final não passa da velha luta dos bonzinhos com os malvados.
A direção faz bem o seu papel, sem erros mas sem grandes acertos. Com exceção do forte da casa, as cenas de batalha.
A trilha sonora mistura músicas típicas japonesas com um toque de música eletrônica, culminando numa apresentação de música e dança a la Stomp. É muito interessante e divertido especialmente para os ouvidos, entretanto a falta de sincronia entre som e imagem tira boa parte da graça do que está sendo mostrado. A edição do filme como um todo é péssima. O mesmo acontece com todos os trechos musicais: falta sincronia, mas a intenção é boa.
Não é um filme chato, porque faz o espectador rir com almas partes curiosas e alguns diálogos muito irônicos. Exemplo: o gordo louco que quer ser samurai, se veste como um lutador das cruzadas e fica correndo em volta da casa do personagem principal gritando durante todo o filme.
Divertido. Mas quando o assunto é arte marcial japonesa ou até cinema bem feito, dezenas de fáceis exemplos o superam.
(Zatôichi - Japão - 116min - 2003)
É um filme sobre samurais e que não difere muito de qq outro filme do gênero no país. Mas o que sua história traz de inovação é que o personagem principal é um samurai cego, que sente mais as pessoas do que as vê. Infelizmente essa sensibilidade não foi bem usada no filme.
As coreografias de luta são muito boas, empolgantes. Mas não serve pra quem procura um filme um pouco mais cabeça. Interessante que há algumas cenas que assemelha o filme a um musical, mas não as de batalha, cenas de coisas comuns. O barulho da ação das pessoas acompanha a música. É nesse sentido que parece um musical, como se na ação costumeira das pessoas houvesse algum ritmo.
Trata superficilamente também até o tema da androginia, por um menino que se disfarça de gueixa para matar um membro importante de uma gangue.
A história é sobre brigas de gangues de samurais, que no final não passa da velha luta dos bonzinhos com os malvados.
A direção faz bem o seu papel, sem erros mas sem grandes acertos. Com exceção do forte da casa, as cenas de batalha.
A trilha sonora mistura músicas típicas japonesas com um toque de música eletrônica, culminando numa apresentação de música e dança a la Stomp. É muito interessante e divertido especialmente para os ouvidos, entretanto a falta de sincronia entre som e imagem tira boa parte da graça do que está sendo mostrado. A edição do filme como um todo é péssima. O mesmo acontece com todos os trechos musicais: falta sincronia, mas a intenção é boa.
Não é um filme chato, porque faz o espectador rir com almas partes curiosas e alguns diálogos muito irônicos. Exemplo: o gordo louco que quer ser samurai, se veste como um lutador das cruzadas e fica correndo em volta da casa do personagem principal gritando durante todo o filme.
Divertido. Mas quando o assunto é arte marcial japonesa ou até cinema bem feito, dezenas de fáceis exemplos o superam.
A Batalha de Argel (3,5)
      A nota não é muito válida porque (caso raro pra mim), muito cansado que estava, dormi em parte da sessão. Shame on me! :)
      Um filme de um enredo político e histórico. Filme antigo que concorreu a dois Oscar, baseado em fatos reais, A Batalha de Argel é uma narração em preto e branco que conta os sofridos anos pela busca da independência da Argélia, lutando contra a colonização francesa, com toda a pressão do seu exército. A FLN (Força Libertária Nacional) mobiliza o povo pra defender seu orgulho, sua pátria. Isso resulta numa guerra civil, uma revolução nas ruas com a participação de grande parte da população.
      Mesmo com a falta de qualidade técnica da época, consegue ser um filme muito interessante. É um ótimo filme de guerra, mas que foge um pouco daqueles a que estamos acostumados, falados em inglês, mostrando a perspectiva do exército. Este é falado em maior parte em francês e põe o povo como personagem principal. É interessante também a representação da posição do governo, já naquela época, com respostas duras e rápidas mas pouco sábias.
      É um bom filme. O que estraga é exatamente a falta de qualidade técnica, principalmente na dublagem do filme. Pena que suas imagens sejam tão cansativas e o preto e branco não ajude na identificação de algumas personagens. A fotografia é péssima. Mas a direção e o roteiro são bons. Até se pode reconhecer que o assunto não é de interesse geral, mas na película conseguiram explicar bem os conflitos sem didatismo.
      A nota não é muito válida porque (caso raro pra mim), muito cansado que estava, dormi em parte da sessão. Shame on me! :)
      Um filme de um enredo político e histórico. Filme antigo que concorreu a dois Oscar, baseado em fatos reais, A Batalha de Argel é uma narração em preto e branco que conta os sofridos anos pela busca da independência da Argélia, lutando contra a colonização francesa, com toda a pressão do seu exército. A FLN (Força Libertária Nacional) mobiliza o povo pra defender seu orgulho, sua pátria. Isso resulta numa guerra civil, uma revolução nas ruas com a participação de grande parte da população.
      Mesmo com a falta de qualidade técnica da época, consegue ser um filme muito interessante. É um ótimo filme de guerra, mas que foge um pouco daqueles a que estamos acostumados, falados em inglês, mostrando a perspectiva do exército. Este é falado em maior parte em francês e põe o povo como personagem principal. É interessante também a representação da posição do governo, já naquela época, com respostas duras e rápidas mas pouco sábias.
      É um bom filme. O que estraga é exatamente a falta de qualidade técnica, principalmente na dublagem do filme. Pena que suas imagens sejam tão cansativas e o preto e branco não ajude na identificação de algumas personagens. A fotografia é péssima. Mas a direção e o roteiro são bons. Até se pode reconhecer que o assunto não é de interesse geral, mas na película conseguiram explicar bem os conflitos sem didatismo.
Los Muertos (0,5)
(Los Muertos - ARG/FRA/HOL/SUI - 2004 - 78min)
O filme é morto. A platéia fica morta. Todo mundo fica morto. No máximo dá pra tentar dizer que o diretor tentou captar a paralisia da vida de um cara que acabou de sair da prisão e tem que atravessar uma selva e um rio pra mandar uma carta pra filha de um amigo e reencontrar sua família. Ufa!
O filme enche o saco pelos longos planos silenciosos, numa trajetória de um ponto fixo na paisagem. Chato.
O roteiro deve ter sido feito em quinze minutos. Os atores, pegaram um povo das cercanias. Meu cachorro faz aquela atuação. O bode é o melhor ator, diz uma espectadora. Aliás, numa cena do ator principal matando e destrinchando um bode vivo aos olhos do espectador. A frieza com que ele faz isso é revoltante, nojenta e desnecessária. É um horror.
Conseguiu ganhar do Mal dos Trópicos.
É interessante que o diretor estava na sessão presente, como esperando as críticas. E até pensei em jogar alguma coisa nele, mas eu poderia ser preso por isso, aí desisti.
A direção é tão sutil, tão sutil, que... não dá pra entender o filme.
As coisa ficam inexplicadas e ficamos tentando entender o sentido do filme. O cara não atinge o objetivo. Então, faz com que o espectador pense. A grande pergunta é... pensar em quê, meu Deus??
Quando o filme é bom, é um deleite; quando é ruim, mas ruim mesmo, só é interessante tentar entender por que foi feito. Isso é um exercício de cérebro, mas quando não há o que entender... Mesmo com o diretor na sessão, houve aplausos (irônicos) e vaias. O cidadão até ia comentar seu filme, mas preferi não ficar pra não cair em tentação.
Simplesmente o pior filme que vi no cinema.
(Los Muertos - ARG/FRA/HOL/SUI - 2004 - 78min)
O filme é morto. A platéia fica morta. Todo mundo fica morto. No máximo dá pra tentar dizer que o diretor tentou captar a paralisia da vida de um cara que acabou de sair da prisão e tem que atravessar uma selva e um rio pra mandar uma carta pra filha de um amigo e reencontrar sua família. Ufa!
O filme enche o saco pelos longos planos silenciosos, numa trajetória de um ponto fixo na paisagem. Chato.
O roteiro deve ter sido feito em quinze minutos. Os atores, pegaram um povo das cercanias. Meu cachorro faz aquela atuação. O bode é o melhor ator, diz uma espectadora. Aliás, numa cena do ator principal matando e destrinchando um bode vivo aos olhos do espectador. A frieza com que ele faz isso é revoltante, nojenta e desnecessária. É um horror.
Conseguiu ganhar do Mal dos Trópicos.
É interessante que o diretor estava na sessão presente, como esperando as críticas. E até pensei em jogar alguma coisa nele, mas eu poderia ser preso por isso, aí desisti.
A direção é tão sutil, tão sutil, que... não dá pra entender o filme.
As coisa ficam inexplicadas e ficamos tentando entender o sentido do filme. O cara não atinge o objetivo. Então, faz com que o espectador pense. A grande pergunta é... pensar em quê, meu Deus??
Quando o filme é bom, é um deleite; quando é ruim, mas ruim mesmo, só é interessante tentar entender por que foi feito. Isso é um exercício de cérebro, mas quando não há o que entender... Mesmo com o diretor na sessão, houve aplausos (irônicos) e vaias. O cidadão até ia comentar seu filme, mas preferi não ficar pra não cair em tentação.
Simplesmente o pior filme que vi no cinema.
quarta-feira, 3 de novembro de 2004
Buenos Aires 100km (4,3)
(Buenos Aires 100 Kilómetros - Argentina - 2003 - 93min)
      Outro filme argentino muito bonito. Este fala sobre cinco amigos entrando na adolescência. Como acontece nesse período, eles enfrentam as pequenas batalhas da vida, começam a questionar a sociedade, a enfrentar os pais e suas atitudes, a descobrir as coisas ruins da vida, num desenvolvimento da maturidade. Como perda da inocência, também fala da descoberta da sexualidade.
      São cinco amigos de uma cidade pequena se reunem todas as tardes em frente a um cabeleireiro para conversar, principalmente sobre a vida na cidade pequena, que, pelas fofocas, quase chegam a separar a amizade deles. Dentre as dificuldades que enfrentam está a ameaça constante de um rapaz briguento, o caso extra-conjugal da mãe de um deles, a descoberta da adoção de um terceiro e a severidade dos pais de quase todos.
      Buenos Aires 100km tem uma direção leve, numa história que arranca algumas risadas inevitáveis, como quando os meninos estão tomando coragem para tirar uma das meninas pra dançar no bailinho armado na casa de um deles. É essencialmente um drama sobre o amadurecimento.
      O roteiro é muito gostoso, daqueles que não deixam o interesse cair, mesmo nas cenas tristes de suas vidas, como as das imposições feitas pelos pais. A trajetória do filme segue em direção a cada um deles perceber a sua vida e o quanto eles são infelizes. Mas, ao contrário do que pode parecer, é um filme em maior parte feliz, mesmo que fale sobre um tema triste.
      Eu me identifiquei muito com o menino que cursa a escola técnica sem gostar, fazendo desenhos técnicos complicados quando o que ele quer na verdade é ser um escritor.
      Um filme bonito, com um trilha sonora feita de rocks argentinos (especialidade deles), mas também com um tema principal instrumental, lentinho, muito bom.
      É um bom divertimento, numa mistura de "teen movie" com cinema adulto, só não traz tanto valor para o espectador. Pra quem não quer compromisso com o filme.
(Buenos Aires 100 Kilómetros - Argentina - 2003 - 93min)
      Outro filme argentino muito bonito. Este fala sobre cinco amigos entrando na adolescência. Como acontece nesse período, eles enfrentam as pequenas batalhas da vida, começam a questionar a sociedade, a enfrentar os pais e suas atitudes, a descobrir as coisas ruins da vida, num desenvolvimento da maturidade. Como perda da inocência, também fala da descoberta da sexualidade.
      São cinco amigos de uma cidade pequena se reunem todas as tardes em frente a um cabeleireiro para conversar, principalmente sobre a vida na cidade pequena, que, pelas fofocas, quase chegam a separar a amizade deles. Dentre as dificuldades que enfrentam está a ameaça constante de um rapaz briguento, o caso extra-conjugal da mãe de um deles, a descoberta da adoção de um terceiro e a severidade dos pais de quase todos.
      Buenos Aires 100km tem uma direção leve, numa história que arranca algumas risadas inevitáveis, como quando os meninos estão tomando coragem para tirar uma das meninas pra dançar no bailinho armado na casa de um deles. É essencialmente um drama sobre o amadurecimento.
      O roteiro é muito gostoso, daqueles que não deixam o interesse cair, mesmo nas cenas tristes de suas vidas, como as das imposições feitas pelos pais. A trajetória do filme segue em direção a cada um deles perceber a sua vida e o quanto eles são infelizes. Mas, ao contrário do que pode parecer, é um filme em maior parte feliz, mesmo que fale sobre um tema triste.
      Eu me identifiquei muito com o menino que cursa a escola técnica sem gostar, fazendo desenhos técnicos complicados quando o que ele quer na verdade é ser um escritor.
      Um filme bonito, com um trilha sonora feita de rocks argentinos (especialidade deles), mas também com um tema principal instrumental, lentinho, muito bom.
      É um bom divertimento, numa mistura de "teen movie" com cinema adulto, só não traz tanto valor para o espectador. Pra quem não quer compromisso com o filme.
Dez (3,4)
(Ten - Franã/Irã/EUA - 2002 - 94min)
      O aclamado diretor Abbas Kiarostami foi o responsável pela explosão do cinema iraniano no mundo. Só essa informação já me foi o suficiente para começar a conhecê-lo.
      Aqui, Kiarostami trata da mulher na sociedade, especialmente na iraniana. É principalmente difícil falar dele pela inovação controversa que ele traz. Todas as cenas ocorrem dentro de um carro e duas câmeras ficam fixas e apontadas para o motorista e para o passageiro. Só um aparece por vez, quando aparece. Quem dirige é sempre a persongaem principal da história. É através das conversas dessa mulher com os passageiros que se entende um pouco da situação feminina naquela sociedade e também um pouco da história da protagonista. Os passageiros são: seu filho revoltado com a separação da mãe e o casamento dela com outro homem; uma outra mulher com a felicidade do casamento vindouro, revelando sua idéia; uma terceira, que deu tudo que tinha a pessoas carentes e agora passa a sua vida rezando; uma prostituta (que não aparece), a qual a protagonista tenta entender os motivos da profissão; e uma amiga próxima que vê sua vida desmoronar quando o homem da sua vida a deixa por outra mulher.
      Como é característico deste diretor, há poucos persongens, quase não há história, mas localiza bem quem assiste a seus filmes.
Inovador. Esse é o cinema simplista do iraniano Kiarostami, famoso exatamente por isso.
      Dez tem esse nome pela montagem do filme, que ocorre em 10 episódios, um com cada uma das pessoas que a motorista leva. Essa personagem reage aos passageiros discutindo, apoiando, consolando, inquirindo, ou simplesmente não opinando (o que acontece à mulher religiosa).
      Um dos pontos fracos deste filme é a construção dos diálogos que não são racionalmente estruturados. Os assuntos parecem pulam de um a outro, tornando o filme desinteressante. Como os diálogos não se amarram, também foge à lógica a causalidade dos assuntos, deixando o sentido das conversas vago (principalmente com o filho).
      É um filme que não chega a ser bonito por ser muito duro. Também não é prazeroso por ser realista, mas é bastante reflexivo. Este filme estava na selação oficial de Cannes em 2002. Inovação junto de um nome como o de Kiarostami só pode trazer fama para uma produção.
(Ten - Franã/Irã/EUA - 2002 - 94min)
      O aclamado diretor Abbas Kiarostami foi o responsável pela explosão do cinema iraniano no mundo. Só essa informação já me foi o suficiente para começar a conhecê-lo.
      Aqui, Kiarostami trata da mulher na sociedade, especialmente na iraniana. É principalmente difícil falar dele pela inovação controversa que ele traz. Todas as cenas ocorrem dentro de um carro e duas câmeras ficam fixas e apontadas para o motorista e para o passageiro. Só um aparece por vez, quando aparece. Quem dirige é sempre a persongaem principal da história. É através das conversas dessa mulher com os passageiros que se entende um pouco da situação feminina naquela sociedade e também um pouco da história da protagonista. Os passageiros são: seu filho revoltado com a separação da mãe e o casamento dela com outro homem; uma outra mulher com a felicidade do casamento vindouro, revelando sua idéia; uma terceira, que deu tudo que tinha a pessoas carentes e agora passa a sua vida rezando; uma prostituta (que não aparece), a qual a protagonista tenta entender os motivos da profissão; e uma amiga próxima que vê sua vida desmoronar quando o homem da sua vida a deixa por outra mulher.
      Como é característico deste diretor, há poucos persongens, quase não há história, mas localiza bem quem assiste a seus filmes.
Inovador. Esse é o cinema simplista do iraniano Kiarostami, famoso exatamente por isso.
      Dez tem esse nome pela montagem do filme, que ocorre em 10 episódios, um com cada uma das pessoas que a motorista leva. Essa personagem reage aos passageiros discutindo, apoiando, consolando, inquirindo, ou simplesmente não opinando (o que acontece à mulher religiosa).
      Um dos pontos fracos deste filme é a construção dos diálogos que não são racionalmente estruturados. Os assuntos parecem pulam de um a outro, tornando o filme desinteressante. Como os diálogos não se amarram, também foge à lógica a causalidade dos assuntos, deixando o sentido das conversas vago (principalmente com o filho).
      É um filme que não chega a ser bonito por ser muito duro. Também não é prazeroso por ser realista, mas é bastante reflexivo. Este filme estava na selação oficial de Cannes em 2002. Inovação junto de um nome como o de Kiarostami só pode trazer fama para uma produção.
Diário de Campanha (1,8)
(Yoman Sadeh - Israel/França - 1982 - 83min)
      Outro filme de diretor famoso. Amos Gitai este ano ganhou uma retrospectiva de sua obra. E é ele quem assina a vinheta de abertura da Mostra deste ano.
      Este é um documentário sobre a invasão da Palestina pelos israelenses. O diretor, inspiração de Michael Moore, sai interrogando as pessoas nas ruas a respeito do que elas acham da situação de seu país, como elas se sentem com suas terras sendo dominadas, buscando o apelo do lado emotivo das pessoas por causa dos conflitos.
      Gitai explora bastante as coisas simples do cotidiano dessa gente ao som de música árabe, com solos de instrumentos típicos. Isso deixa o filme um tanto parado. Há um ou outro momento em que dá pra se divertir, principalmente com o diretor aporrinhando os soldados israelenses. Não tem como fugir do rótulo de filme político, mas propondo uma visão que não se tem via telejornais.
      Diário de Campanha é interessante e à frente do seu tempo por suas táticas: a câmera está o tempo todo na mão e não há simbolismos, somente a fala do povo e legendas explicativas rodando. Há muitos planos da paisagem. Tanto rural quanto urbana, de Jerusalem e da Faixa de Gaza, paisagem feia e
      É um filme muito duro, muito cru, como a realidade deles até hoje. Mas é muito cansativo. Ousado, ele serve como ampliador do conhecimento sobre o assunto. Pra quem quiser, claro.
(Yoman Sadeh - Israel/França - 1982 - 83min)
      Outro filme de diretor famoso. Amos Gitai este ano ganhou uma retrospectiva de sua obra. E é ele quem assina a vinheta de abertura da Mostra deste ano.
      Este é um documentário sobre a invasão da Palestina pelos israelenses. O diretor, inspiração de Michael Moore, sai interrogando as pessoas nas ruas a respeito do que elas acham da situação de seu país, como elas se sentem com suas terras sendo dominadas, buscando o apelo do lado emotivo das pessoas por causa dos conflitos.
      Gitai explora bastante as coisas simples do cotidiano dessa gente ao som de música árabe, com solos de instrumentos típicos. Isso deixa o filme um tanto parado. Há um ou outro momento em que dá pra se divertir, principalmente com o diretor aporrinhando os soldados israelenses. Não tem como fugir do rótulo de filme político, mas propondo uma visão que não se tem via telejornais.
      Diário de Campanha é interessante e à frente do seu tempo por suas táticas: a câmera está o tempo todo na mão e não há simbolismos, somente a fala do povo e legendas explicativas rodando. Há muitos planos da paisagem. Tanto rural quanto urbana, de Jerusalem e da Faixa de Gaza, paisagem feia e
      É um filme muito duro, muito cru, como a realidade deles até hoje. Mas é muito cansativo. Ousado, ele serve como ampliador do conhecimento sobre o assunto. Pra quem quiser, claro.
Não Se Mova (4,0)
(Non Ti Muovere - Itália/Espanha/Reino Unido - 2004 - 125min)
      É bonito e cumpre bem o seu papel de filme italiano. Romântico, dramático, bem emotivo.
      O roteiro é interessante e surpreendente: um médico-cirurgião que está na sala de espera da operação de sua filha de 15 anos, vítima de um acidente de moto, revê sua vida em flashback. Essas lembranças giram em torno de um relacionamento extra-conjugal que começa com um estupro. Quando seu carro quebra num lugar desconhecido, o médico busca um telefone para avisar sua esposa. Uma mulher (Penélope Cruz, falando em italiano) sugere que ele a siga até sua casa. É aí que ocorre o estupro. Ela não diz nada, não reclama, nem se abala. Ele se vai e dias depois volta a visitá-la, desenvolvendo um relacionamento gradualmente.
      A estrutura do roteiro lembra a tradicional americana, com pontos de virada muito bem definidos, que não deixam cair o interesse pelo filme. Prende a atenção do espectador. Por outro lado, fica mais difícil de apreender o que o filme quer dizer do mundo. Parece que falta alguma coisa.
      A película contrapõe a força de expressão da bela atuação da Penélope Cruz com uma atuação morna de Sergio Castellito, personagem principal.
      O destaque mesmo vai para a maquiagem na Penélope Cruz. No começo do filme ela está quase irreconhecível e, no seu decorrer, esta caracterização vai ficando cada vez mais leve, tornando-a menos vulgar. E conseguiram deixar a Penélope Cruz feia! Isto é cinema.
      Não Se Mova é um filme bonito, bem feitinho, simples, com músicas românticas, mas que não se prende na memória. Entra, cumpre seu papel de boa diversão e sai sem deixar marcas.
(Non Ti Muovere - Itália/Espanha/Reino Unido - 2004 - 125min)
      É bonito e cumpre bem o seu papel de filme italiano. Romântico, dramático, bem emotivo.
      O roteiro é interessante e surpreendente: um médico-cirurgião que está na sala de espera da operação de sua filha de 15 anos, vítima de um acidente de moto, revê sua vida em flashback. Essas lembranças giram em torno de um relacionamento extra-conjugal que começa com um estupro. Quando seu carro quebra num lugar desconhecido, o médico busca um telefone para avisar sua esposa. Uma mulher (Penélope Cruz, falando em italiano) sugere que ele a siga até sua casa. É aí que ocorre o estupro. Ela não diz nada, não reclama, nem se abala. Ele se vai e dias depois volta a visitá-la, desenvolvendo um relacionamento gradualmente.
      A estrutura do roteiro lembra a tradicional americana, com pontos de virada muito bem definidos, que não deixam cair o interesse pelo filme. Prende a atenção do espectador. Por outro lado, fica mais difícil de apreender o que o filme quer dizer do mundo. Parece que falta alguma coisa.
      A película contrapõe a força de expressão da bela atuação da Penélope Cruz com uma atuação morna de Sergio Castellito, personagem principal.
      O destaque mesmo vai para a maquiagem na Penélope Cruz. No começo do filme ela está quase irreconhecível e, no seu decorrer, esta caracterização vai ficando cada vez mais leve, tornando-a menos vulgar. E conseguiram deixar a Penélope Cruz feia! Isto é cinema.
      Não Se Mova é um filme bonito, bem feitinho, simples, com músicas românticas, mas que não se prende na memória. Entra, cumpre seu papel de boa diversão e sai sem deixar marcas.
Gemini (2,9)
(Tvilling - Dinamarca - 2003 - 91min)
      O tema é a troca de personalidade, o quanto o ser humano gostaria de fugir da sua vida, o quanto podemos ficar aprisionados fazendo coisas que não queremos.
      Sua história é a de um rapaz que trabalha numa lojinha de um posto de gasolina e, no seu tempo livre, cuida de sua possessiva e inválida mãe. Nesta loja, certa vez, entra, junto do namorado, uma mulher que ele passa a admirar e observar, chegando a descobrir seu endereço. Logo depois o namorado dela morre e a mulher projetar no atendente o seu finado amor. O protagonista assume o papel do namorado e muda de vida por conta dessa oportunidade única em sua vida solitária.
      A qualidade técnica varia bastante com cenas geniais (adotando a câmera de segurança da loja como ponto de vista), com uma pós-produção abusando das cores, mas com cenas absolutamente infantis, como os simbolismos muito óbvios, especialmente no final, o que estraga um pouco do filme.
      Interessante também é a edição. Nas cenas de loucura, os cortes rápidos e a câmera na mão dão uma angústia eficaz ao que é mostrado.
      O roteiro é bom, mas maltratado pela direção. Nenhum dos atores é bonito, o que traz uma maior verossimilhança pra história, por outro lado tira um pouco da possibilidade de apelo que o filme teria. A exceção são os olhos do protagonista, lindos e de uma expressividade imensa. Mas mesmo assim a direção não quis (ou não conseguiu) usá-los propriamente.
      Chama a atenção a falta de diálogos do cinema dinamarquês. Para o público latino, acostumado a filmes com falas corridas, isso pode ser motivo de estranhamento ou até cansaço.
(Tvilling - Dinamarca - 2003 - 91min)
      O tema é a troca de personalidade, o quanto o ser humano gostaria de fugir da sua vida, o quanto podemos ficar aprisionados fazendo coisas que não queremos.
      Sua história é a de um rapaz que trabalha numa lojinha de um posto de gasolina e, no seu tempo livre, cuida de sua possessiva e inválida mãe. Nesta loja, certa vez, entra, junto do namorado, uma mulher que ele passa a admirar e observar, chegando a descobrir seu endereço. Logo depois o namorado dela morre e a mulher projetar no atendente o seu finado amor. O protagonista assume o papel do namorado e muda de vida por conta dessa oportunidade única em sua vida solitária.
      A qualidade técnica varia bastante com cenas geniais (adotando a câmera de segurança da loja como ponto de vista), com uma pós-produção abusando das cores, mas com cenas absolutamente infantis, como os simbolismos muito óbvios, especialmente no final, o que estraga um pouco do filme.
      Interessante também é a edição. Nas cenas de loucura, os cortes rápidos e a câmera na mão dão uma angústia eficaz ao que é mostrado.
      O roteiro é bom, mas maltratado pela direção. Nenhum dos atores é bonito, o que traz uma maior verossimilhança pra história, por outro lado tira um pouco da possibilidade de apelo que o filme teria. A exceção são os olhos do protagonista, lindos e de uma expressividade imensa. Mas mesmo assim a direção não quis (ou não conseguiu) usá-los propriamente.
      Chama a atenção a falta de diálogos do cinema dinamarquês. Para o público latino, acostumado a filmes com falas corridas, isso pode ser motivo de estranhamento ou até cansaço.
Steamboy (3,7)
(Japão - 2004 - 126min)
      A primeira coisa que chama a atenção é que, por ser um longa animado japonês, os personagens não tem os olhos grandes típicos dos animes. Chega a parecer um pouco um roteiro japonês filmado por americanos. Mas só parece:
      Durante a época de 1860 houve um grande avanço tecnológico especialmente na Inglaterra, onde se passa a trama do filme. É o ínicio de um período de grande crescimento científico e tecnológico. É nesse período que vive Ray Steam, um garoto cuja família tem um pai e avô trabalhando no desenvolvimento de máquinas a vapor. Ambos tem um sonho de construir uma gigantesca máquina a vapor, capaz de levantar vôo, servir de casa, de forte e de um parque de diversões. Os planos do avô são roubados por uma sociedade, que mais tarde descobre ser do pai. A ruptura se dá pelo fato de cada um ter uma posição diferente sobre a função da ciência e do desenvolvimento tecnológico. Isso infelizmente se transforma numa luta maniqueísta entre pai e avô com o filho tentando decidir em qual lado ficar.
      O que estraga o filme é o roteiro mal explicado e que deixa o filme confuso, comprometendo a história. Seu enredo também é muito restrito (não há subtramas). Isso faz com que se fale muito a respeito de um mesmo assunto, o que faz parecer que sua história é superficial. Outro furo do roteiro é factual: se era época do início do desenvolvimento tecnológico, como é possível montar uma estrutura do tamanho do Empire State Building, com milhares de engragens, algumas imensas, com uma tecnologia ainda tão rudimentar? Pra essa questão há o termo em inglês "suspention of disbelief" designa bem essa questão. Você tem que fazer muita força para esquecer o mundo real e acreditar naquele mundo fictício, "suspendendo a descrença" desse mundo retratado.
      Em compensação em matéria de perfeição e detalhismo visual não há Disney que chegue perto. Quanto aos efeitos especiais (especialmente os vapores e as explosões), só ajudam na inserção do espectador no filme, fazendo-o grudar na poltrona nas cenas de perseguição e tomar sustos a cada explosão. Os efeitos sonoros também contribuem para o efeito eletrizente de "thriller". As viradas de câmera em 180º e o uso do zoom são explêndidos. O 3D das máquinas e veículos junto com o 2D dos personagens e ambientes resulta numa mescla perfeita. Fantástico!
      A questão chave do filme gira em torno da função da ciência e da tecnologia, pergunta que é feita pelo menino, o Steamboy do título. A resposta dada é "para divertir as pessoas". Algo em que se pensar.
      É uma boa diversão, muito bem cuidada, mas que roteiro não deixa ir mais além.
(Japão - 2004 - 126min)
      A primeira coisa que chama a atenção é que, por ser um longa animado japonês, os personagens não tem os olhos grandes típicos dos animes. Chega a parecer um pouco um roteiro japonês filmado por americanos. Mas só parece:
      Durante a época de 1860 houve um grande avanço tecnológico especialmente na Inglaterra, onde se passa a trama do filme. É o ínicio de um período de grande crescimento científico e tecnológico. É nesse período que vive Ray Steam, um garoto cuja família tem um pai e avô trabalhando no desenvolvimento de máquinas a vapor. Ambos tem um sonho de construir uma gigantesca máquina a vapor, capaz de levantar vôo, servir de casa, de forte e de um parque de diversões. Os planos do avô são roubados por uma sociedade, que mais tarde descobre ser do pai. A ruptura se dá pelo fato de cada um ter uma posição diferente sobre a função da ciência e do desenvolvimento tecnológico. Isso infelizmente se transforma numa luta maniqueísta entre pai e avô com o filho tentando decidir em qual lado ficar.
      O que estraga o filme é o roteiro mal explicado e que deixa o filme confuso, comprometendo a história. Seu enredo também é muito restrito (não há subtramas). Isso faz com que se fale muito a respeito de um mesmo assunto, o que faz parecer que sua história é superficial. Outro furo do roteiro é factual: se era época do início do desenvolvimento tecnológico, como é possível montar uma estrutura do tamanho do Empire State Building, com milhares de engragens, algumas imensas, com uma tecnologia ainda tão rudimentar? Pra essa questão há o termo em inglês "suspention of disbelief" designa bem essa questão. Você tem que fazer muita força para esquecer o mundo real e acreditar naquele mundo fictício, "suspendendo a descrença" desse mundo retratado.
      Em compensação em matéria de perfeição e detalhismo visual não há Disney que chegue perto. Quanto aos efeitos especiais (especialmente os vapores e as explosões), só ajudam na inserção do espectador no filme, fazendo-o grudar na poltrona nas cenas de perseguição e tomar sustos a cada explosão. Os efeitos sonoros também contribuem para o efeito eletrizente de "thriller". As viradas de câmera em 180º e o uso do zoom são explêndidos. O 3D das máquinas e veículos junto com o 2D dos personagens e ambientes resulta numa mescla perfeita. Fantástico!
      A questão chave do filme gira em torno da função da ciência e da tecnologia, pergunta que é feita pelo menino, o Steamboy do título. A resposta dada é "para divertir as pessoas". Algo em que se pensar.
      É uma boa diversão, muito bem cuidada, mas que roteiro não deixa ir mais além.
Exílios (1,2)
(Exils - França - 2004 - 104min )
      Fraco, fraquíssimo. Fala sobre um casal de franceses que resolve conhecer a terra natal dos pais do homem, a Argélia. Eles chegam ao porto, atravessam o mar de navio, e chegam à África. Porém alguns eventos os fazem andar mais do que o esperado. Nessa peregrinação, enfrentam alguns eventos corriqueiros para viajores a pé, como roubo de roupas enquanto dormem, amizades efêmeras etc.
      A direção é dura, cansativa, com uma cena de um tipo de exorcismo da cultura argelina que chega a durar, exaustivamente, mais de dez minutos. Não chega a valer nem pelas paisagens, nem pelas atuações. Muitos que assistiam, saíram da sessão, pois beira o insuportável.
      O roteiro não tem as menores amarras e também quase não dá dicas dos lugares por onde eles passam. Para eles parece não haver razão pra viver, da mesma forma que não há a menor razão pra ter um filme sobre eles. Horrível.
      A trilha sonora é a única coisa que chama a atenção, pois, como a jornada deles, mistura as músicas de diferentes culturas. Vai de música eletrônica francesa a música instrumental árabe, passando pela mistura dos dois.
      O tema tem tudo pra dar num bom cinema, como já foi provado com filmes como Neste Mundo, mas se resume a uma jornada "non-sense" de dois loucos perdidos no mundo, o que não chega a valer nem o tempo gasto. Não dá pra entender o que um filme desses estava fazendo na seleção oficial de Cannes deste ano.
(Exils - França - 2004 - 104min )
      Fraco, fraquíssimo. Fala sobre um casal de franceses que resolve conhecer a terra natal dos pais do homem, a Argélia. Eles chegam ao porto, atravessam o mar de navio, e chegam à África. Porém alguns eventos os fazem andar mais do que o esperado. Nessa peregrinação, enfrentam alguns eventos corriqueiros para viajores a pé, como roubo de roupas enquanto dormem, amizades efêmeras etc.
      A direção é dura, cansativa, com uma cena de um tipo de exorcismo da cultura argelina que chega a durar, exaustivamente, mais de dez minutos. Não chega a valer nem pelas paisagens, nem pelas atuações. Muitos que assistiam, saíram da sessão, pois beira o insuportável.
      O roteiro não tem as menores amarras e também quase não dá dicas dos lugares por onde eles passam. Para eles parece não haver razão pra viver, da mesma forma que não há a menor razão pra ter um filme sobre eles. Horrível.
      A trilha sonora é a única coisa que chama a atenção, pois, como a jornada deles, mistura as músicas de diferentes culturas. Vai de música eletrônica francesa a música instrumental árabe, passando pela mistura dos dois.
      O tema tem tudo pra dar num bom cinema, como já foi provado com filmes como Neste Mundo, mas se resume a uma jornada "non-sense" de dois loucos perdidos no mundo, o que não chega a valer nem o tempo gasto. Não dá pra entender o que um filme desses estava fazendo na seleção oficial de Cannes deste ano.
A Prostituta e a Baleia (4,2)
(La Puta y la Ballena - Argentina - 2004 - 120min)
      A primeira coisa que chama a atenção no filme não vem aos olhos, chega aos ouvidos: a música-tema muito bonita que abre o filme, assim como a trilha sonora em geral, recheada de deliciosos tangos.
      O roteiro, apesar de exagerar na emotividade, consegue ser igualmente simétrico pois vai contando simultaneamente duas histórias que se completam inversamente (o começo da primeira história remete ao fim da segunda e vice-versa) conforme o decorrer do filme.
      Uma escritora espanhola vai à Argentina buscar informações para um novo livro, baseado numa história de amor real, de 70 anos antes, passada na Patagônia. Lá, ela acaba precisando fazer uma cirurgia com urgência e, no hospital, vai remontando os fatos ao conhecer uma senhora idosa no leito ao lado que conhece bem a história. Fotos, cartas, tangos e o mar a fazem investigar e imaginar tudo o que sua personagem viveu.
      As locações escolhidas são divinas, muito lindas mesmo. A direção é delicada, leve. O roteiro é tocante, vez ou outra beirando a apelação emocional, mas sem ser novelesco. São usados na história muitos símbolos e alegorias, como, por exemplo, o encalhar da baleia na história original e a mesma baleia, novamente, 70 anos depois, como se a história estivesse acontecendo toda novamente.
      E mais uma vez, como parece ser tradição no cinema falado em espanhol, há muitas referências à casualidade.
      A Prostituta e a Baleia tem um toque lírico, inclusive no visual, o que faz dele um deleite para os olhos e ouvidos.
(La Puta y la Ballena - Argentina - 2004 - 120min)
      A primeira coisa que chama a atenção no filme não vem aos olhos, chega aos ouvidos: a música-tema muito bonita que abre o filme, assim como a trilha sonora em geral, recheada de deliciosos tangos.
      O roteiro, apesar de exagerar na emotividade, consegue ser igualmente simétrico pois vai contando simultaneamente duas histórias que se completam inversamente (o começo da primeira história remete ao fim da segunda e vice-versa) conforme o decorrer do filme.
      Uma escritora espanhola vai à Argentina buscar informações para um novo livro, baseado numa história de amor real, de 70 anos antes, passada na Patagônia. Lá, ela acaba precisando fazer uma cirurgia com urgência e, no hospital, vai remontando os fatos ao conhecer uma senhora idosa no leito ao lado que conhece bem a história. Fotos, cartas, tangos e o mar a fazem investigar e imaginar tudo o que sua personagem viveu.
      As locações escolhidas são divinas, muito lindas mesmo. A direção é delicada, leve. O roteiro é tocante, vez ou outra beirando a apelação emocional, mas sem ser novelesco. São usados na história muitos símbolos e alegorias, como, por exemplo, o encalhar da baleia na história original e a mesma baleia, novamente, 70 anos depois, como se a história estivesse acontecendo toda novamente.
      E mais uma vez, como parece ser tradição no cinema falado em espanhol, há muitas referências à casualidade.
      A Prostituta e a Baleia tem um toque lírico, inclusive no visual, o que faz dele um deleite para os olhos e ouvidos.
Família Rodante (3,6)
(Familia Rodante - Argentina/Brasil/França/Espanha/Alemanha/Inglaterra - 2004 - 103min)
      Mais uma argentino, desta vez falando sobre as relações dentro de uma família. Discute a privacidade, a permissividade (leia-se intromissão) e o valor da família, mas passa longe de ser um melodrama. A história na verdade é um pesadelo. Uma senhora idosa, com uma família imensa, recebe um convite para ser madrinha de casamento de uma sobrinha do outro lado do país. Eles vão em 13 pessoas mais um cachorro num minúsculo trailer por centenas de quilômetros. Isso os força a perder a privacidade e acaba por propor alguns ajustes mas principalmente revela muitos desajustes.
      É um filme interessante que não chegaria nem perto de ser bom (pelo desconforto que causa) não fosse a quase ausência de pós-produção. São imagens cruas, com alguns closes super intensos, câmera na mão, mostrando as coisas bem vivamente, buscando a realidade acima de tudo, como numa polaroid sem efeitos. Isso faz de Família Rodante quase insuportavelmente humano.
      Ao mesmo tempo que essa crueza é um dos maiores pontos a favor é também um ponto contra porque se aplica também ao roteiro. Como a intenção é mostrar uma história real, perde-se a estrutura que segura o interesse do roteiro, exatamente como a falta de roteiro da vida real. Esse aspecto junto das imagens da estrada e da vista deixam o filme devagar, submetendo o espectador à mesma angústia da família.
      Há momentos engraçados, que lembram a Família Buscapé, mas dramaticamente engraçados, como a série interminável de contratempos que eles enfrentam e que atrasam a viagem.
      Desta vez as famosas casualidades do cinema latino vêm para mal: elas impedem que o destino se cumpra facilmente. Aqui elas não são objeto de curiosidade, mas são o indigesto prato principal, sem o qual não haveria filme.
(Familia Rodante - Argentina/Brasil/França/Espanha/Alemanha/Inglaterra - 2004 - 103min)
      Mais uma argentino, desta vez falando sobre as relações dentro de uma família. Discute a privacidade, a permissividade (leia-se intromissão) e o valor da família, mas passa longe de ser um melodrama. A história na verdade é um pesadelo. Uma senhora idosa, com uma família imensa, recebe um convite para ser madrinha de casamento de uma sobrinha do outro lado do país. Eles vão em 13 pessoas mais um cachorro num minúsculo trailer por centenas de quilômetros. Isso os força a perder a privacidade e acaba por propor alguns ajustes mas principalmente revela muitos desajustes.
      É um filme interessante que não chegaria nem perto de ser bom (pelo desconforto que causa) não fosse a quase ausência de pós-produção. São imagens cruas, com alguns closes super intensos, câmera na mão, mostrando as coisas bem vivamente, buscando a realidade acima de tudo, como numa polaroid sem efeitos. Isso faz de Família Rodante quase insuportavelmente humano.
      Ao mesmo tempo que essa crueza é um dos maiores pontos a favor é também um ponto contra porque se aplica também ao roteiro. Como a intenção é mostrar uma história real, perde-se a estrutura que segura o interesse do roteiro, exatamente como a falta de roteiro da vida real. Esse aspecto junto das imagens da estrada e da vista deixam o filme devagar, submetendo o espectador à mesma angústia da família.
      Há momentos engraçados, que lembram a Família Buscapé, mas dramaticamente engraçados, como a série interminável de contratempos que eles enfrentam e que atrasam a viagem.
      Desta vez as famosas casualidades do cinema latino vêm para mal: elas impedem que o destino se cumpra facilmente. Aqui elas não são objeto de curiosidade, mas são o indigesto prato principal, sem o qual não haveria filme.