Família Rodante (3,6)
(Familia Rodante - Argentina/Brasil/França/Espanha/Alemanha/Inglaterra - 2004 - 103min)
      Mais uma argentino, desta vez falando sobre as relações dentro de uma família. Discute a privacidade, a permissividade (leia-se intromissão) e o valor da família, mas passa longe de ser um melodrama. A história na verdade é um pesadelo. Uma senhora idosa, com uma família imensa, recebe um convite para ser madrinha de casamento de uma sobrinha do outro lado do país. Eles vão em 13 pessoas mais um cachorro num minúsculo trailer por centenas de quilômetros. Isso os força a perder a privacidade e acaba por propor alguns ajustes mas principalmente revela muitos desajustes.
      É um filme interessante que não chegaria nem perto de ser bom (pelo desconforto que causa) não fosse a quase ausência de pós-produção. São imagens cruas, com alguns closes super intensos, câmera na mão, mostrando as coisas bem vivamente, buscando a realidade acima de tudo, como numa polaroid sem efeitos. Isso faz de Família Rodante quase insuportavelmente humano.
      Ao mesmo tempo que essa crueza é um dos maiores pontos a favor é também um ponto contra porque se aplica também ao roteiro. Como a intenção é mostrar uma história real, perde-se a estrutura que segura o interesse do roteiro, exatamente como a falta de roteiro da vida real. Esse aspecto junto das imagens da estrada e da vista deixam o filme devagar, submetendo o espectador à mesma angústia da família.
      Há momentos engraçados, que lembram a Família Buscapé, mas dramaticamente engraçados, como a série interminável de contratempos que eles enfrentam e que atrasam a viagem.
      Desta vez as famosas casualidades do cinema latino vêm para mal: elas impedem que o destino se cumpra facilmente. Aqui elas não são objeto de curiosidade, mas são o indigesto prato principal, sem o qual não haveria filme.
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