segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Mostra 2005

Começa a maratona! Correria nas ruas, montagem da programação, conflitos de horário, sono atrasado, torcer para não ter atrasos para não correr o risco de perder o último ônibus pra casa, remorso por abdicar da vida acadêmica e social; mas tudo isso em troca de filmes de qualidade (ou nem sempre) que fazem mais do que simplesmente fazer rir ou chorar e de uma platéia tão ávida e conhecedora como você, de assistir filmes tão à vontade como se tivesse na sua sala (ou nem sempre).

A Mostra, como sempre, está recheada de nomes internacionais e nacionais, é quase impossível passar um dia sem avistar alguma personalidade, óbvio, ligada ao cinema.

De minha parte, resolvi (ou resolveram por mim, já que, quando cheguei, a credencial de 20 já tinha se esgotado – infeliz surpresa) apostar na quebra do recorde anterior (35 filmes em 3 semanas). Claro que isso requer uma maior dedicação ainda a esta paixão antiga.

Personalidades, espectadores, organizadores, números, filas, nomes, nomes, nomes, línguas estranhas, salas e salas, legendagem, poltronas, cabeças, conversas com desconhecidos, amigos de ocasião..... Ah, o cinema!

sábado, 22 de outubro de 2005

Pausa

Preciso de uma pausa.
Pausa dos ruídos
Pausa com o rigor
Pausa com o rumor
Pausa com o remédio
Pausa com o refúgio
Pausa com o error
Pausa com a ressalva
Pausa com o horror
Pausa das ruminações de reminiscências
Pausa com a revolta
Pausa com a rejeição
Pausa destes rumos tortos
Pausa com a reiteração

Só não preciso de pausa com a razão
Ou com o respeito

Pausa não é fim
E só reavaliação de quem não sabe nem o próprio nome.

"Where is your star? /Is it far, is it far... far?"

     Era uma vez uma banda de rock em que eu entrei. Nos divertimos, éramos amigos. A exigência por profissionalismo sempre foi grande e procurávamos suprí-la como e quando podíamos. Ensaiávamos, fizemos shows. Salvo uns bêbados e suas cervejas, as pessoas gostavam, elogiavam. Caí nesse meio, adorando.
     A esse tempo as coisas começaram a ficar quentes entre nós. Isso pelo atrito. Os destinatários perdiam-se entre os sujeitos, que viam diferentes objet(iv)os e não o destinador. Foi uma quebra na comunicação, comunicação esta que mais atrapalhava que ajudava, ao contrário da teoria. Ainda assim queríamos ouvir nosso som, queríamos ser ouvidos. Gravamos um cd, talvez o maior demo de todos.
     Por aí nossa mídia interna andava ruim. Novos desentendimentos que, com projetos diversos, chegaram ao choque. Feridas a fogo em corações harmônicos mostraram as dissonâncias. Sangram e ardem sem nunca curar a si mesmos, inevitáveis.
     Uns se foram, entristecidos; outros ficaram irredutíveis; há ainda quem não quis nada, só sonhando com seu objeto sempre distante nunca tão perto. E pensar que o problema todo veio não de um telefone, mas de um muro, que acordou a todos do mundo pink em que vivíamos.
     E como acontece freqüentemente quando muitos se reúnem com o mesmo propósito:
     – Todos somos eu?
     – Não. Eu sou vários.
     Era uma vez uma banda de rock...