La Niña Santa (3,3)
( Argentina/Itália/Holanda/Espanha – 2004 – 106min )
&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP Lucrecia Martel mostra aqui uma boa mão na direção, principalmente pelos ângulos escolhidos, que quase nunca mostram tudo, seja pessoas ou ambientes.
&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP O roteiro tem seus pontos fortes, mas a matéria primordial é fraca e arrastada: conta sobre uma garota que vive num hotel, levando uma vida religiosa acreditando e exercendo os preceitos do catolicismo fervoroso. Num encontro casual, na rua, um homem a "toca". Por coincidência este é um médico presente numa convenção no mesmo hotel onde a garota, sua mãe e suas amigas vivem, num regime de quase internato.
&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP O cinema latino como um todo é muito afeito ao tema das casualidades, e com este não é diferente, tanto em coincidências, como em sinais dessas casualidades. Em La Niña Santa, inclusive, usa-se a questão dos sinais divinos para metaforizar os sinais do destino.
&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP O argumento, no entanto, coloca espectativas, preparando quem assiste para um desfecho conclusivo, que não chega. É o que se chama de anticlímax. Essa aparente não-conclusão pode desestimular o espectador, mas isso só vem para provar que o importante não está no seu fim, mas nos seus meios.
&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP&NBSPSua história passa longe de ser divertida, mas retrata um mundo em que as pessoas agem segundo coincidências, ignorando possíveis destinos pre-marcados.
&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP É um filme de contradições, que fala sobre tabus, sobre a perda da inocência e o valor dela confrontado com a religiosidade, sem, no entanto, julgar a religião. Como as pessoas podem ser tão devotas e mesmo assim ter seus vícios, cometer seus pecados, ao invés de evitá-los? Essa a grande questão (implícita) do filme.
&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP&NBSP É o cinema latino ganhando espaço na mídia (o filme estava na mostra competitiva de Cannes este ano), mas ainda devendo em qualidade.
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