quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

Naquele dia
(Ce Jour-là – França/Suíça – 105min – 2003)

Comédia de humor negro que diverte sem entreter: há risos mas não se pode evitar de olhar no relógio ou se ajeitar na poltrona.

O filme, que estava na Seleção Oficial de Cannes, conta a história de uma jovem meio pinél que herda uma fortuna sem saber; sua família, ao contrário sabe muito bem e arma um esquema para tentar matá-la e ficar com o dinheiro. Ao mesmo tempo escapa da prisão um psicopata que vai parar exatamente nesta casa. Como diria Dna. Gloria Rita (minha mãe nas horas vagas) seguindo um riso contido, é um "filme de doido".

A história é boa e engraçada. O problema do filme, entretanto, está no tom com o qual é contado: o de construção e desconstrução da seriedade dos fatos. (Tô falando que minha vida nunca mais foi a mesma depois das aulas de Lingüística... :) O filme começa sério, em seguida mostra-se a loucura, da loucura faz-se o riso e do riso cai de novo em seriedade. A alternância nunca estável do tom do filme é que faz o espectador debochar dele, além de deixar a história cansativa.

Falando da parte boa, serve como uma crítica irônica à burocracia por parte da ação da polícia na fuga do psicopata) e uma chacota do excesso de realismo das pessoas, que deveriam viver a vida mais levemente, mais fantasiosamente.

A atriz principal, Elsa Zylberstein, faz muito bem o seu papel, além de ser um colírio.

Enfim, um filme engraçado e despretensioso, gostoso por isso mesmo, mas que não se vês a hora de acabar mesmo não passando de duas horas.
Osama
(Osama – Afeganistão/Japão/Irlanda – 82min – 2003)

Tem filmes que não dá para ter polidez ao se falar deles. Este é um caso.
Puta que pariu!! Saí do cinema com o coração tão apertado que quase comecei a chorar no meio da rua...

Osama é sim um filme afegão, mas ao contrário do que possa sugerir o nome, homônimo do terrorista mais temido do mundo, o filme conta a história de uma garotinha que mora só com a mãe e a avó. Como não há homens na família, e no Afeganistão só eles podem trabalhar, a avó e a mãe resolvem disfarçá-la de menino a fim de conseguir o sustento desta família miserável. Só que ninguém esperava que o talibã resolvesse, bem nesta época, não só aterrorizar a população como a pegar todos os meninos de Cabul e treiná-los para a guerra.

Triste e real, o filme não poupa o espectador: é tão cruel quanto a realidade das mulheres daquele povo. Principalmente para quem é fã da figura feminina e de todos os seus papéis na nossa sociedade, é doloroso ver o quanto sofrem estes lindos seres capazes de carregar a vida dentro de si...

Osama, com isso, mostra, sem julgar, as crenças atrasadas desta cultura e civilização. Um filme muito bem feito, triste sem ser meloso e que nos mostra como a vida pode ser ruim para os afegãos e, egoisticamente falando, boa para nós, que com filmes como esse podemos ver como reclamamos de coisas tão pequenas...

Chuif... (que vontade que me deu de abraçar a minha lindinha depois do filme... snifs...)

Resumindo, o Oscar de melhor filme estrangeiro já tem dono: Osama.
Encontros e Desencontros
(Lost In Translation – EUA/Japão – 105min – 2003)

Drama e comédia, leveza e densidade, relaxamento e tensão, tudo isso, misturado e alternado, num só filme: Encontros e Desencontros.

A diretora Sofia Coppola (sempre lembrada como a sobrinha do "Poderoso Chefão" Francis Ford Coppola), neste seu segundo filme, surpreende mais que o emocionante As Virgens Suicidas. Lost in Translation conta uma história particular para falar de temas universais. Solidão, crises comportamentais e significado da vida são alguns dos assuntos extraíveis da fita.

Bill Murray está perfeito, indo de impagável com ação em 2 segundos.
Scarlett Johansson se já não tinha sido surpreendente o suficiente em O Homem Que Não Estava Lá, agora vem mesmo como um nome a se prestar atenção; vai ser bastante falado num futuro próximo. Há também a participação de Giovanni Ribisi, um dos melhores novos atores americanos, mas aqui num papel menor, o de Marido de Scarlett Johansson.

Impressionante como tudo é perfeitamente equilibrado no filme. Talvez tenha sido de propósito para ficarem marcantes as confusões psicológicas e lingüísticas dos dois americanos (um velho e famoso ator – papel de Bill Murray - e uma jovem casada há dois anos com um ausente marido a quem ela está acompanhando) tentando se encontrar a si próprios em Tóquio.

Há seqüências hilárias da confusão de idiomas – inglês e japonês. Daí o título original (Lost in Translation). Outra interpretação também pode ser dada ao título: a de que os dois não só incompreendem a língua das pessoas ao seu redor, como também as atitudes de todos os outros que não eles dois.

Como disse, leve e denso, engraçado e dramático. Divertidíssimo!
Na minha humilde opinião, o melhor filme do ano.
Kedma
(Kedma – França/Itália/Israel – 100min – 2002)

De êxodo em êxodo foi feita a história do povo judeu. É um trecho desta história que o renomado diretor israelense Amos Gitai nos conta.

É um bonito drama, com planos bastante poéticos, sobre a luta deste povo tão maltratado. A interpretação de Andrei Kashkar é bastante comovente. A fita levou o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de São Paulo no ano passado.

Kedma é um filme de silêncios em algumas partes, mas também de ação; de línguas estranhas, mas de ditos universais; polêmico, mas também chega ora a empolgar, ora a comover.

Há uma seqüência de choque contra os árabes, também migrantes, que é tristemente irônica. Só o que faltou para a plena compreensão do enredo foi um pouco mais de pano de fundo histórico.

Kedma nos faz ver que os refugiados israelenses são pessoas, seres humanos, e não simplesmente matéria do telejornal, que é o meio que usamos para conhecermos sua história.
Distante
(Distant – Turquia – 109min – 2002)

Drama turco, que estava presente na Seleção Oficial de Cannes, mas que me decepcionou.

Talvez a minha mente de ocidental não tenha me permitido ver a beleza das longas cenas silenciosas ou da falta de ação em favor de uma densidade psicológica não explícita.

O filme tem um ou outro momento interessante, mas provoca sono ou desinteresse na maior parte de si.

Os atores, dois estreantes na atuação profissional - são amigos do diretor e da equipe de produção – e ganharam prêmios pelo mundo pela suas 'brilhantes" interpretações. Brilhantismo este que me foi um tanto obscuro.

Distante conta a história de um fotógrafo profissional que recebe a visita de um primo folgado a procura de trabalho no porto de Istambul. O trabalho, entretanto, nunca bate à sua porta. Enquanto isso, Mahnet - protagonista - recebe a notícia de que sua ex-mulher está se mudando para o Canadá. Isso (aparentemente) o faz repensar sua vida e suas oportunidades.

Curioso é que no imdb.com Distante está com cotação alta dentre os votantes não-americanos, o que faz ver que o filme deve ter feito sucesso no Oriente Médio. Ou seja, o cinema turco deve ser assim mesmo e este, para eles, é um grande filme.
Para nós, falta unidade à história. É um filme que não diverte, apesar de ser passível de uma análise detalhada da subjetividade da trama.
Um Certo Carro Azul
(Blue Car – EUA – 96min – 2002)

Grande drama americano que conta a história de uma adolescente de família decadente, que vê uma esperança de sucesso em sua vida em um concurso de poesia a ser realizado em outro Estado.

Impossível não comparar com Aos Treze, pelo tema dos insucessos na juventude que leva a uma degradação moral e psicológica.

Apesar da aparente comparação, Um Certo Carro Azul é mais profundo exatamente por não tentar ser inquietante. A dor fica mais no íntimo do espectador do que na superficialidade expressa em Aos Treze. Outra distinção fundamental é de que tanto em Aos Treze quanto em Kids as personagens são responsáveis pela degradação a que se submetem; em Um Certo Carro Azul a personagem principal é submetida ao mesmo mundo voraz de realismo cruel, mas não por atos seus. A não-culpabilidade de Meg frente à dureza de seu mundo torna sua história mais sofrida e mais marcante.

A trilha sonora é bem mais leve que o rock distorcido de Aos Treze, e por ser mais instrumental dá um tom maior de instabilidade e incertezas. Enquanto a câmera de Katherine Hardwick tenta passar inquietude sendo inquieta, a de Karen Moncrieff, diretora de Um Certo Carro Azul, transmite a inquietude sendo comportada, só utilizando com certa regularidade planos de busto dos atores, melhor escolha que os closes faciais fechados do filme anteriormente analisado.

Em geral, Aos Treze é marcante pelo que mostra, Um Certo Carro Azul nos fixa na memória pelo que provoca, é uma fita sobre dificuldades, oportunidades, mas principalmente de amadurecimento de uma adolescente rodeada de infelicidades.
(recadinho para a Srta. Val Viana)

Valzita, pode me mandar um e-mail com o endereço do seu blog? Ficaria imensamente grato.
Beijinhos, querida.

(fim do recadinho)
Golden Globes Nominations 2004

Falando em filmes, vocês viram que saiu a lista de indicações do Globo de Ouro, que premia filmes e séries?

Seabiscuit indicado a melhor filme na categoria drama? Tem coisa que não dá pra entender...

Mais interessante está a categoria de melhor filme musical ou comédia. O filme em que o Rodrigo Santoro atua, desta vez com falas, Love Actually está no páreo com Bend It Like Beckham e Finding Nemo. Alguma dúvida do ganhador? Lost in Translation, claro, que aliás foi - fazendo uma retrospectiva rápida de 2003 - o melhor filme que vi no cinema esse ano. Logo posto o que escrevi sobre ele.
Albergue Espanhol
(L'Auberge Espagnole – França/Espanha – 122min – 2002)

Muito engraçada e divertida comédia sobre um pós-graduado francês que vai para a Universidade de Barcelona cursar Economia. Na cidade, demora a encontrar local para sua residência temporária, e a encontra no albergue do título, onde moram mais 5 estudantes, cada um de uma nacionalidade, todos tentando se adaptar à universidade e à cidade de Barcelona.

O filme é tão leve e divertido que às vezes parece um longo capítulo de alguma boa série européia. Tanto que quando termina o filme o espectador sai com aquele gostinho de "quero mais", pedindo um próximo capítulo.

Nem tudo em Albergue Espanhol é riso e é nos momentos dramáticos que o filme deixa clara a sua nacionalidade francesa, com bonita expressão intimista dos conflitos internos.

A trilha sonora bastante representativa da cultura do albergue plurinacional, é eclética: vai de blues belga a salsa espanhola, passando pela tocante No Surprises, do Radiohead. (yes!! :)

A vontade que se tem é que o filme abra um portal de transporte direto para Barcelona (né, amiga Rapha?), mas a paisagem é suficiente ao contar as experiências deste homem na busca por si mesmo.

Destaque para a presença de Audrey Tatou (de O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain), vivendo a namorada francesa do protagonista, responsável em grande parte pela porção emotiva do filme.
Interessante, engraçado e comovente. Programão.
A Borboleta Púrpura
(Purple Butterfly – China/França – 127min – 2003)

Comovente drama sobre uma agente secreta chinesa que encontra seu ex-amante, também agente secreto, mas este trabalhando para o Japão.

O pano de fundo histórico é a tensão entre os dois países, que posteriormente culminaria no ataque japonês a Xangai, na década de 30.
O roteiro preenche lacunas explicativas com longos silêncios, que além de não esclarecer o que se passa, em alguns momentos passa do poético ao inquietante.

A atuação de Ziyi Zhang vem afirmar para o ocidente a excelente capacidade dessa atriz chinesa, que foi revelada ao mundo em O Tigre e o Dragão.

A direção de câmera é bastante eficaz e puxa o espectador para dentro do filme numa vibrante seqüência de assassinato numa estação de trem logo no início, entretanto, perde um pouco o pique ao explorar os closes em excesso ao longo da fita.

Além da história do casal principal se desenvolve a de outro casal, cuja música tema é impossível não sair assobiando ou murmurando (como vi muitos fazerem na saída da sala de cinema).

Enfim, uma história simples e eficiente, que chega a surpreender, contada de maneira não tradicional, mas que deixa um pouco a desejar quando se trata de explicar seu enredo (o que o classifica como "pouco acima de médio"). Como incentivo, A Borboleta Púrpura estava na lista oficial de Cannes de 2003.
Falando de Sexo
(Speaking of Sex – EUA/Canadá – 97min – 2001)

Comédia biodegradável de John McNaughton, diretor de filmes de pouco alarde na mídia.

Falando de Sexo é um filme médio. Serve, implicitamente, como uma crítica bem humorada à burocracia judiciária.
Vale a pena pela atuação de James Spader, vivendo um analista bastante neurótico e muito atrapalhado. A presença de Bill Murray (canastríssimo) também ajuda.

É um filme de história fraca, que podia ser mais divertido se não ficasse evidente a tentativa de ser engraçado.
O roteiro é bom, mas acaba num produto médio. Comédia divertidinha para um sábado à tarde: quando não se quer muita profundidade com nada.

O sexo é feito, tratado, discutido, falado, aprendido, pouco mostrado e divertido. Mas só isso nem sempre resulta num bom filme. Às vezes pode ser médio, como o sexo.
Continuando a interminável saga dos filmes que vi na época do Festival (e nele próprio):

Lisbela e o Prisioneiro
(Brasil – 2003 – 106min)

É incrível o salto de qualidade cada vez maior nas fitas brasileiras. Esta comédia romântica não fica por menos. Por mais simples que seja sua trama, o roteiro é assinado pelo televisivo Guel Arraes, o hilário Pedro Cardoso e o genial Jorge Furtado, de O Homem que Copiava, Houve Uma Vez Dois Verões, Tolerância e outros. Disso só se podia esperar coisa boa.

O time de atores está impecável. Parece mesmo que todos os papeis foram escritos para eles, em especial Marco Nanini, fazendo Matador, um grave assassino sem a menor piedade de suas vítimas.

A trilha sonora não deixa por menos. De Sepultura com Zé Ramalho a Los Hermanos cantando em música caipira a Lisbela, de Caetano Veloso. Fora a música tema do próprio Caetano.

Mas o show mesmo fica por conta do roteiro altamente metalingüístico e quase interagente com o público. Debocha da obviedade do cinema e suas fórmulas, e curiosamente segue a mesma fórmula, mas debochando da própria história. É filme para se ver no cinema!!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

Bom, faz um tempo que não atualizo este meu cantinho.

Muita coisa tem acontecido ultimamente. No trabalho, mudei temporariamente de setor (para um insuportavelmente chato). Ah, ficarei livre do trabalho por onze dias. E como nada na servidoria pública vem de graça, tive que compensar todas essas horas de trabalho em semanas anteriores, o que me tirou um pouco do tempo que eu costumava dedicar à Internet. A parte boa é que vou poder passar a virada de ano com a minha querida Nati e a galera, em Itanhaém, na praia onde nos conhecemos... *suspiro*... :)

Uma coisa interessante que aconteceu nesse período em que eu estava longe foi o dia do aniversário do Pedro, meu cunhado. Eu e a Nati cuidando de dezesseis pestinhas, indo a uma lan house com eles, atravessando rua, fazendo eles pararem de correr e de brincar de brigar. Duas horas de diversão e aventuras em plena tarde quente de terça-feira. Banquei novamente o Tio Rapha, dos tempos de outrora - quando eu dava aula pra crianças - e, modéstia às favas, até que não fiz feio. :)

Ah! O famoso sr. Leonardo Aguirra – vulgo meu irmão – agora também tem um blog, que juntamente com este e o Two Moranguitos completa a Santíssima Trindade Wébica. Seja bem-vindo, Le!

E falando em Pensando melhor, meu irmão me fez lembrar de algumas coisas...

1 - Concordo com ele neste post. Já pensei em fazer isso várias vezes também. E nunca tive a coragem de dizer isso para alguém....

2 - Perto da minha casa, ou o iceberg-no-calabouço-no-agreste, como diz minha irmã, tinha um Mc Donald's. Isso mesmo, tinha. Sabe por que não tem mais? Ele faliu. O meu bairro é tão no gueto, que deve ser o único caso do planeta onde um Mc Donald's FALI.

3 - Fomos os três filhos, mais o marido à formatura da minha mãe. Eu fiquei como fotógrafo. Câmera na mão, pisando nas pessoas, atravessando fileiras, empurrando velhinhas e fotos tiradas. Eu nem tava tão empolgado, mas cantar o Hino Nacional de pé sempre me empolga. Fora a lagriminha quando chamaram no microfone, para ir pegar o diploma: "Gloria Rita Aguirra de Andrade"... *chuif* Dava vontade de gritar: "É a minha mãe!!"
:)

Bom, por enquanto é só.
E como diria o saudoso vj Fabio Massari, "logo mais tem mais".
"Até".

Ah, e FELIZ NATAL, amigos!!!!
:D
Filicidadis!!!!
LOS HERMANOS ELEITOS MELHOR BANDA DO ANO PELA APCA

Cerca de 70 jornalistas pertecentes à Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), representando as principais publicações de São Paulo, se reuniram na noite desta segunda-feira, na sede do Sindicato dos Jornalistas, para eleger os melhores do ano nas seguintes categorias: artes visuais, cinema, dança, literatura, literatura infantil, MPB, música erudita, rádio, teatro e televisão. Os cariocas do grupo Los Hermanos, que lançaram esse ano o disco "Ventura", foram eleitos como Melhor Grupo.


yes!!!!
:)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

Harry Potter Translations

Matéria interessante que eu li na Revista Época sobre a Lia Wyler, tradutora do Harry Potter. Leia!

E mais legal ainda, principalmente para quem é fã da história, são as soluções de traduções que Lia usou. Leia aqui!

Não sei, mas sinto que ainda vou trabalhar como tradutor alguma vez na vida.
Adoro isso!

Sexo: Feminino
(Sex: Female – EUA – 70min – 2003)

     Documentário sobre mulheres americanas com diversas preferências sexuais falando sobre sexo e suas relações com ele.
     Para quem não está muito habituado a discutir o assunto com pessoas de mente aberta pode ser um prato cheio. Para quem já tem o costume de falar abertamente sobre o assunto e suas práticas, o filme pode parecer comportado demais, principalmente por ser composto por entrevistas a americanas, povo mais moralista e pudico que os tupiniquins.
     A edição boa é muito boa, pois o filme é organizado não por entrevista, mas por assunto.
     A trilha sonora é muito divertida, recheada de jazz à la musical dos anos 50.
     Um documentário engraçado em muitos momentos, mas que entretêm mais pelo assunto.
Lisbela e o Prisioneiro
( Brasil – 106min – 2003 )

     É incrível o salto de qualidade cada vez maior nas fitas brasileiras. Esta comédia romântica não fica por menos.
     Por mais simples que seja sua trama, o roteiro é assinado pelo televisivo Guel Arraes, o hilário Pedro Cardoso e o sempre genial Jorge Furtado. Disso só se podia esperar coisa boa. O time de atores está impecável. Parece mesmo que todos os papeis foram escritos para eles, em especial Marco Nanini, fazendo Matador, um grave assassino sem a menor piedade de suas vítimas.
     A trilha sonora não deixa por menos. De Sepultura com Zé Ramalho a Los Hermanos cantando a música caipira Lisbela, escrita por Caetano Veloso. Fora a música-tema do próprio Caetano.
     Mas o show mesmo fica por conta do roteiro altamente metalingüístico e quase interagente com o público. É filme feito para se ver no cinema!!
     Lisbela e o Prisioneiro debocha da obviedade do cinema e suas fórmulas e curiosamente segue a mesma fórmula, mas debochando da própria história. Impagável!
Neste Mundo
(In This World – Reino Unido – 88min – 2002)

     Direção do bem falado inglês Michael Winterbottom. Neste Mundo conta com muita crueza a história de um garoto e seu amigo, ambos nascidos no Paquistão, que tentam cruzar a Ásia e a Europa para chegar a Londres, onde esperam ter uma vida melhor.
     O tom quase documental da história situa o espectador nos conflitos e diferenças de cultura da região.
     É uma obra com um mosaico cultural bastante duro e conflitante.
     A história é bonita e tocante, mas para nós sulamericanos choca mais por mostrar o retrato de países de culturas tão diferentes das nossas e de um povo tão sofrido que, mesmo com todas as agruras a que são submetidos, encontram uma réstia de sorriso para as menores coisas da vida.
     O defeito deste "road movie" cruzador de continentes é o excesso de planos subjetivos que deveriam servir como relaxadores de tensão mas que no fundo só servem para o público se arrumar na cadeira.
     Em geral, muito melhor que um documentário feito pela Discovery sobre o Paquistão ou sobre as culturas do Irã, da Turquia, do Leste Italiano, de Londres e do Afeganistão.

domingo, 7 de dezembro de 2003

  Aos Treze 

     O tema deste premiado filme é o da sempre polêmica juventude transviada. O tratamento dado ao tema, entretanto, não chega aos pés do de Kids, clássico do gênero e difusor do tema, mas não deixa de chocar.
     A câmera na mão quase o tempo todo tenta dar uma maior subjetividade à história (aliás, por causa desse filme cheguei a uma conclusão interessante - a narração em primeira pessoa da litertura equivale à câmera na mão do cinema, pois ambos são métodos de tornar a história contada próxima do público ao qual se destina). A tentativa, porém, não logra tanto sucesso quanto gostaria por culpa da própria direção.
     Holly Hunter e Evan Rachel Wood fazem valer a pena o filme cuja historia é baseada em fatos reais.
     A trilha sonora, muito boa, é basicamente de rocks potentes, que passam com eficácia o clima denso da história.
     Sinopse: garota de treze anos se envolve com a garota mais descolada da escola. Essa amizade a leva a uma vida de gozos, vícios e destruição psicológica que abala a estrutura de sua decadente família.
     Filme forte, ganhador de prêmios em Sundance, mas podia ser menos Hollywood.