(Finding Nemo – EUA – 2003 – 100 min)
Não sei se foi pelo fato de ter acabado de assistir a um festival de animação, e que por isso talvez eu tenha ficado mais atento às questões técnicas de como se fazer um desenho animado, Procurando Nemo me foi menos impactante do que eu esperava.
O filme é de parceria dos estúdios Disney com a produtora Pixar, especialista em desenhos em 3D modelados no computador. O resultado foi uma história simples, bastante compreensível para qualquer faixa etária, muitíssimo bem desenhado (digitalmente) e com sacadas de humor de comédias inteligentemente não-infantis.
Procurando Nemo conta a história de um peixinho, o Nemo do título, que resolve transgredir a superproteção de seu pai, Marlin, chegando perto de um barco, na superfície. Nisso Nemo é seqüestrado por mergulhadores. Seu pai, que sempre tivera medo dos perigos do mar, agora tem de cruzar o oceano em busca do filho. No caminho conhece a extrovertida Dory, uma peixinha bastante alegre mas que sofre de amnésia de informações recentes. Enquanto isso Nemo é aprisionado num aquário de onde tenta fugir com a ajuda dos outros peixes dali.
Uma das coisas que chega a fazer falta no filme, para dar maior rapidez à história e não cansar o espectador, são os tradicionais números musicais da Disney. Não há sequer uma música no filme inteiro. Justo elas que foram sempre um espetáculo à parte em qualquer longa-metragem da produtora de A Bela e a Fera, Cinderela, A Pequena Sereia, A Bela Adormecida entre muitos outros, dos quais às vezes se esquece trechos da história, mas sempre se lembra um trechinho de uma música. Talvez por isso a 1 hora e 40 minutos de Procurando Nemo parece, ao final do filme, que foram duas horas.
Engraçado notar, provavelmente pela produção da Pixar, que é conhecida por ser mais jovial e engraçada que as da Disney, que o filme possui várias conexões com outros filmes. Entre eles O Iluminado, Onze Homens e Um Segredo, Psicose, Amnésia (pelas hilárias amnésias de Dory), e até do infantil e aclamado A Pequena Sereia, dos estúdios Disney. Isso tudo as crianças não compreendem, mas da mesma forma apreciam o espetáculo.
Faltou um pouco da leveza e do dinamismo necessários para agradar às crianças, público-alvo natural de qualquer desenho. Isso, entretanto, não chega a atrapalhar o deleite do público em geral. Talvez sim àqueles que possam porventura ir ao cinema esperando ver um filme bobinho para crianças. Procurando Nemo é um longa-metragem de animação, mas está longe de ser um filme infantil. Tentando atingir a todos os públicos, perde o foco de qual deles prefere e mistura uma história que qualquer criança entenderia com sacadas que nenhum abaixo dos 6 poderia compreender. Isso faz com que cada vez mais, na hora de um pai e um filho escolherem um filme para ver no cinema, o pai prefira ver o desenho enquanto o filho pede pela Xuxa e seus duendes.
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