sexta-feira, 30 de julho de 2004
Dessa vez fizeram tudo errado.
Era seis salas no ano passado. Esse ano, só um local.
Cada sessão (de uma hora) tinha mais ou menos 10 curtas. Agora, aumentou a quantidade pra mesma uma hora (ou seja, tem muitos filmes curtos, como por exemplo uma propaganda animada de rede de tv alertando a população para passar protetor solar antes de se expor ao sol - !!!!!!?).
Os videoclipes tinham sessões à parte. Agora é misturado no meio das sessões.
Era R$2,50 cada sessão de uma hora. Esse ano, além de cobrarem as sessões, eles passaram a cobrar entrada para cada dia (R$2,00 com carteirinha).
Cresceram o número de atrações para as crianças. Ou seja, não foi raro ouvir um choro de criança durante a sessão.
Isso sem mencionar a qualidade dos desenhos, que decaiu muito. Agora só vale a pena assistir aqueles de cujos nomes você anotou nos festivais anteriores e tem certeza de que vale a pena, caso contrário, é melhor ficar de fora.
E a vinheta do festival??? A abertura de cada sessão, aquela sempre esperada primeira imagem do Anima Mundi agora é precedida de 3 comerciais. E pior! A animação é horrível, tem muito pouco a ver com os ideais de divulgação da animação mundial no país. E a trilha sonora é um samba! E tem um sapo tomando uma bebida deitado à frente de um mar. E tem um cara que parece o Martinho da Vila tocando violão... Decepcionante, no mínimo.
Até a mídia ano passado estava divulgando mais. Esse ano não se viu um outdoor sequer.
Como não pode sair do prédio (já que eles cobram entrada), tem comida lá dentro. Pra ocupar espaço, claro, porque dois reais um pão de queijo e dois e cinqüenta uma latinha de refrigerante tem que estar mesmo morrendo de fome!
Tudo isso, essa busca pelo dinheiro e pelas vendas não importando como me lembrou um excelente curta exibido: Brand Spanking, do Reino Unido, de John-Paul Harney.
Valeram a pena:
Cortex Academy - França - 3"46 (as funções do corpo humano são feitas por uns bichinhos)
Boxed In - Reino Unido - 5"25 (a diversão de um velhinho é soltar um rato de uma caixa para tentar capturá-lo de novo)
Brand Spanking - Reino Unido - 10" (escola é toda cheia de propagandas e faz os alunos consumirem)
The Final Solution - Alemanha / Inglaterra - 24" (história complexa, de suspense, policial, comédia, amor, felicidade, paz e fuga do espaço)
Creature Comforts 'Cats or Dogs?' - Reino Unido - 8"45 (dos mesmos produtores de A Fuga das Galinhas)
Oedipus - EUA - 8"30 (o mito de Édipo filmado em versão legumes - Édipo era uma batata, Jocasta um tomate, etc.)
Harvie Krumpet - Austrália - 22" (a vida sofrida - e hilária ao mesmo tempo - de um cara com Síndrome de Tourette)
Killing Time At Home - Reino Unido - 3" (garoto dark e melancólico compra bichinho pela internet para se divertir)
O Curupira - Brasil - 11" (lenda do folclore nacional sem dever nada para os estúdios Disney. Narração de M. Nachtergaele)
Guard Dog - EUA - 5"30 (num passeio, cachorro imagina que tudo que o cerca está para massacrar seu dono)
Day Off The Dead - EUA - 6"45' (caveiras se divertem, amam, dançam, paqueram mesmo sendo mortos)
Jurannessic - França - 30' (homem das cavernas faz uma animação de uma mulher dançando e se deixa levar pela arte)
Desirella - Brasil - 11" (velha quer ser a mais linda, jovem, gostosa e, na busca pela perfeição, se f...)
Moo(n) - Reino Unido - 3" (menina e vaca são amigas, até que a vaca pula pra lua, vive lá e começa a comer tudo para ganhar massa e ser atraída de volta à terra)
Destino - França / EUA - 6"40' (projeto de W. Disney e S. Dalí concretizado - estava fora da competição)
Nest - Coréia do Sul - 4"10 (passarinho tem seu ovo esmagado no meio da guerra e começa a chocar uma granada)
Show and Tell - Austrália - 4"40' (garoto nerd tem de contar uma história na sala de aula - e que história!)
The Ambigously Gay Duo - 3"36' (dupla de super heróis viadéeeeerrimos com seus métodos nada convencionais - ui!)
Olha o Passarinho - Brasil - 1"10 (pintinho acha que a câmera que o filme é a mãe)
Uncle - EUA - 2"56 (Tio Sam bombardeia países, mata pessoas, faz propaganda na tv e é admirado por todos)
O 3º Tomate - Brasil - 15" (tomatinho vê seus pais sendo atropelados por um papagaio pagodeiro e jura vingança)
Corten - Espanha - Mostra especial – 3” (um desenho feito por pessoas ou um filme feito por desenhos?)
Encarna - Espanha - Mostra especial – 9” (a revolta assassina da dona de casa)
Capelito Papá - Espanha - Mostra especial - 5" (cogumelo acredita que sua frigideira duplica as coisas que estão sobre ela- hiláaaaario!!!)
De 211 desenhos que assisti, nas 19 sessões mais um longa, isso foi o que prestou. Só isso.
Ano que vem não me animo tanto pro Anima Mundi.
quinta-feira, 29 de julho de 2004
Por causa do Anima Mundi tive que mexer nos meus horários de trabalho. Para evitar fazer mais compensações de hora do que eu já deveria na semana seguinte, resolvi ir doar sangue na quinta-feira. Afinal, era um dia a menos de trabalho. De lá iria para o festival e além disso, seria um ato solidário, humanitário, com o qual sempre quis fazer parte. Dar a minha contribuição, ainda mais por ter o tipo de sangue mais chato, que só recebe dele próprio, O–.
Na primeira vez que tentei doar, descobri que não podia estar gripado. E era para repor o banco para uma operação para minha avó. Perdi o dia no trabalho e não pude doar.
Na segunda vez, deu uma baita confusão, uma novela mesmo. Lembra do Hepato Boy e todos os seus capítulos?
Desta vez, tentei doar no Hospital do Servidor Público Estadual, meu local de trabalho. Prenchimento de cadastro, perguntas e respostas de identificação e fui para a triagem. Lá, tudo normal... até a atendente perguntar se estava tomando algum medicamento.
– Finasterida, respondi.
– Hummm... Então não pode doar. Deixa eu ver aqui na Portaria da Secretaria da Saúde... É, ó, tá aqui. Finasterida, né? Então, é "Incapacidade Definitiva" de doação.
– Definitiva?
– É porque ele é um teratogênico, então não pode.
– "Definitiva" significa que eu não posso doar nunca?
– Significa que se você tomou uma única vez na vida você não pode doar nem sangue, nem órgãos.
– ...
Saí. "Nunca mais." Tomei minha companheira pela mão na recepção e saímos do prédio. "Pra sempre." O chão era meu amigo e me olhava estúpido. "Rejeitado." Expliquei a ela quase faltando as palavras... "Outros podem, você não." E, num breve momento sozinho, meu amigo chão bebeu gotas de água dos meus olhos.
Justo eu, que sempre quis ajudar outros que precisassem dos meus órgãos na minha hora... que queria que todos se dispusessem a fazer o mesmo... que acredito nessa solidariedade...
Braços me envolveram. Os de minha garota. Nada sem ela. Reânimo. Não pensar nisso. Não se deixar abater. Podia ser pior. Não pegar o ônibus errado. Abonar o dia. Sair logo dali, não importa pra onde, pra sempre...
(Fahrenheit 9/11 - EUA - 120min - 2004)
      Numa sessão especial gratuita anteior à estréia do filme, no Espaço Unibanco, fui assistir ao mais recente trabalho do aclamado diretor americano Michael Moore.
      Seu documentário anterior, Tiros em Columbine, foi bem recebido pelo público e vencedor do Oscar de documentário longa-metragem no ano passado, cujo discurso de agradecimento (atacando George Bush quando a emissora da transmissão da cerimônia pediu às pessoas que não se manifestassem a respeito da "guerra contra o terrorismo") deixou Moore ainda mais famoso.
      O alvo de Moore desde então passou a ser o presidente americano. Sempre irônico, o diretor e roteirista de Fahrenheit - 11 de Setembro conduz um desmascaramento da figura do justiceiro do mundo ao longo do filme, provando por a mais b as $egunda$ intenções de Bush (filho e família) na guerra contra o terrorismo e o Iraque.
      Por si só o assunto já é chamativo. E tornou-se ainda mais após o filme ter vencido a Palma de Ouro em Cannes. Foi a primeira vez que um documentário ganhara o prêmio. E com um empurrãozinho da mídia a fita quebrou o recorde da bilheteria americana (que era do filme anterior de Moore, com US$23 milhões arrecadados em nove meses). Em menos de um mês de exibição por lá, Fahrenheit já faturou 103 milhões de dólares.
      A intenção do cineasta é fazer com que o povo (especialmente o americano conservador) abra os olhos para a farsa que George W. Bush representa. Tudo isso levando em conta que em novembro ocorrem as eleições para a presidência do país. Até lá, o diretor espera que seu filme alcance mais cidadãos americanos com o lançamento de seu filme em DVD.
      Moore conta a história, prova seu ponto e convence, mas não sem uma pitada de tédio em meio a tantas informações e ironias. A edição poderia ser mais cuidadosa e unir um pouco mais as idéias. Alguns trechos, principalmente nomes e cargos, poderiam ser melhor explicados, de forma que a compreensão destes não ficasse restrita a quem conhece toda a trupe de políticos do país. É desnecessária também a apelação para o choro da mãe que perdeu o filho na guerra, momento em que o filme tange o sensacionalismo barato da exploração das emoções, a fim de comover o espectador.
      Irônico, debochado e contundente, sim. Este é Michael Moore. Seu Fahrenheit – 11 de Setembro é um filme interessante, quase de utilidade pública, mas que seria perfeito se fosse mais conciso, como em Columbine.
segunda-feira, 26 de julho de 2004
Caro Sr. Presidente da República Federativa do Brasil,
venho por meio desta comunicação manifestar meu total apoio ao seu esforço de modernização do nosso país. Como cidadão comum, não tenho muito mais a oferecer além do meu trabalho, mas já que o tema da moda éReforma Tributária, percebi que posso definitivamente contribuir mais.
Vou explicar: na atual legislação, pago na fonte 27,5% do meu salário. Como pode ver, sou um brasileiro afortunado. Sou obrigado a concordar que é pouco dinheiro para o governo fazer tudo aquilo que promete ao cidadão emtempo de campanha eleitoral. Mesmo juntando ao valor pago por dezenas de milhões de assalariados!
Minha sugestão, é invertermos os percentuais. A partir do próximo mês autorizo o Governo a ficar com 72,5% do meu salário. Portanto, eu receberia mensalmente apenas 27,5% do resultado do meu trabalho mensal.
Funcionaria assim: eu fico com 27,5% limpinhos, sem qualquer ônus. O Governo fica com 72,5% e leva as contas de:
Escola,
Convênio médico,
Despesas com dentista,
Remédios,
Materiais escolares,
Condomínio,
Água, luz, telefone e energia,
Supermercado,
Gasolina,
Vestuário,
Lazer,
Pedágios,
Cultura,
INSS,
CPMF,
IPVA,
IPTU,
ISS,
ICMS,
Segurança,
Previdência privada e qualquer taxa extra que porventura seja repentinamente criada por qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Um abraço Sr. Presidente e muito boa sorte, do fundo do meu coração!
Ass:Um trabalhador que já não sabe mais o que fazer para conseguir sobreviver com dignidade.
PS: Podemos até negociar o percentual !!!
Fim da mensagem, a seguir um comparativo adicionado a esta mensagem que desanima.
------------------------------------------------------------------------------------------------Agora vejam só a farra do Congresso Nacionala.
Salário:......................................................R$ 12.000,00.
Auxílio-moradia...........................................R$ 3.000,00
Verba para despesas "comprovadas"............R$ 7.000,00
Verba para assessores................................R$ 38.000,00
Para 'trabalharem' no recesso.......................R$ 25.400,00
Verba de gabinete mensal............................R$ 35.000,00
Transporte: passagens aéreas de ida e volta a Brasília/mês;
Direito a "contratar" 20 servidores para seu gabinete;
13º e 14º salários, no fim e no início de cada ano legislativo;
90 dias de férias anuais e folga remunerada de 30 dias.
ISSO PARA CADA UM DOS 514 DEPUTADOS !!!!
Esse dinheiro sai dos cofres públicos, ou seja, do nosso bolso !!!
E querem que você doe um pouquinho para o 'Fome Zero'.
TENHA SANTA PACIÊNCIA! ! ! !
Mostre sua indignação e envie este texto a todos os seus amigos e conhecidos para que protestem junto aos deputados federais e senadores."
(e-mail)
"Indignação indigna
Indigna inação
(...)
A nossa indignação é uma mosca sem asas
Não ultrapassa a janela de nossas casas"
(Skank)
domingo, 25 de julho de 2004
O rock não errou!
Muitos anos se passaram desde 1954. Cinqüenta velinhas no bolo, se um som pudesse assoprá-las.
50's
Comportados? Só pra quem vê de fora. Suíngue com classe, quebra de padrões e todos atemorizados. "Quem é esse?" "That's rock n' roll, baby!"
Responsáveis: Chuck Berry, Elvis Presley, Bill Haley, Little Richard, Jerry Lee Lewis
60's
Distorção! Barulheira! Curtição! "Hey, mundo, estamos aqui!". Estava criado o lema: "Sex, drugs and rock n' roll".
Eternos The Beatles, Rolling Stones, Genesis, Cream, The Kinks, Beach Boys, Deep Purple, Led Zeppelin, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Black Sabbath, Steppenwolf, Creedence Clearwater Revival, Joe Cocker, Santana, The Doors, Bob Dylan, David Bowie, Pinky Floyd, Velvet Underground, Yes, Eric Clapton, The Yardbirds, Alice Coopers
E surgia o movimento na nossa terra adorada: Mutantes
70's
E o barulho continua! Agora até com versões um pouco mais adocidadas... Mas a contravenção continua lá.
Vieram Aerosmith, Rush, Queen, The Police, The B-52's, Iron Maiden, Judas Priest, The Clash, Sex Pistols, U2, AC/DC, The Cure, The Eagles, KISS, Ramones
Aqui: Secos e Molhados, Rita Lee, Raul Seixas
80's
Foi a vez dos teclados no comecinho, da busca por atitude e da volta da adoração por fã-clubes nos últimos anos.
New Order, The Smiths, Whitesnake, Metallica, Guns N' Roses, Bon Jovi, R.E.M., Slayer, Red Hot Chili Peppers, Nirvana, Dream Theater, Stratovarius, Lenny Kravitz, Joe Satriani, Steve Vai, The Smashing Pumpkins, Alice In Chains, Alanis Morissette, Faith No More, Offspring, Green Day
No Brasil, foi a explosão definitiva: Capital Inicial, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho + Cazuza, Sepultura, Blitz, Lobão, Ultraje a Rigor, Engenheiros do Hawaii, Titãs, Camisa de Vênus, IRA!, Ratos de Porão, Angra
90's
Ser diferente é o que conta. E por que não usar o rock? Moderninhos, arrumados, debochados, posudos e pesados. Tem de tudo. Alguém falou em extinção?? Rock agora é por atacado!
Pearl Jam, Blink 182, Weezer, Radiohead, Korn, Nightwish, Matchbox 20, System of a Down, Foo Fighters, No Doubt, Stone Temple Pilots, Rage Against The Machine, Creed, Oasis, Incubus, Slipknot, The Cranberries, Limp Bizkit, Coldplay, The Ataris, White Stripes, Strokes, Linkin' Park, Silverchair
Aqui: Skank, Charlie Brown Jr, Los Hermanos, Arnaldo Antunes, Raimundos, CPM22, O Rappa, Cássia Eller
2Ks
E agora? Estamos perdidos? Ou há esperanças?
Evanescence, Dashboard Confessionals, Darkness, Audioslave...
In Brazil: Pitty, Detonautas...
E muitos outros que ficaram de fora, mas que também contribuiram para o nosso amado Rock N' Roll!
"I know it's only rock and roll but i like it!"
terça-feira, 6 de julho de 2004
Rock n' roll, promete o título. E cumpre. Até demais em alguns momentos. Guitarras distorcidas, à moda brit pop, com o volume dos americanos. Ao mesmo tempo que é uma característica do estilo, neste quarto álbum da banda gaúcha deixa as músicas um pouco parecidas e até enjoativas.
O vocal quase punk do simpático Rafael Malenotti empolga quando deve, mas cansa quando a melodia tem notas longas, nas músicas menos agitadas.
As letras são vagas, tão pouco abrangentes que até é difícil identificar sobre o que estão falando. O responsável em sua maioria é o baterista, Paulo James.
Devido crédito deve ser dado. Tudo que ela disse, Eu dentro dela e Deus quis têm boas letras e um som legal, mas mesmo assim o ouvinte sente que falta alguma coisa ou que algo está fora do lugar: é a equalização. Guitarra muito alta quando está fazendo base, volume da bateria muito alto quando o timbre não é expressivo, baixo com pouco volume o cd todo, vocais dobrados quando não é necessário. Assim, as músicas ficam bem básicas, bem artesanais, num clima de rock n' roll das antigas, quando não se explorava os recursos de mesas de som. E é claro que tudo isso é intencional, afinal tem coisa mais básica do que creme dental?
Algumas faixas não precisavam ser tão rock assim. No caso da doce Deus quis, por exemplo, um piano cairia muito bem com a melodia linda.
Mas é interessante a marchinha de carnaval Turma do funil em versão rock n' roll semi-oculta no fim do disco.
É um álbum legalzinho, mas é pra se pegar emprestado, ouvir algumas vezes, pegar as cifras e tocar uma ou outra no velho e bom violão que acaba sendo mais divertido de ouvir. A banda já esteve em melhor fase.
Aqui, a letra da música que melhor representa o Creme Dental Rock N' Roll (embora Deus quis seja a de melhor qualidade).
Se você for assim
(P. James)
O som não vai embora
Por mais que eu me demore perdido no olhar
De quem só me namora
No céu feito de anis e de simples canções
Se você for assim
Chegue mais perto agora
Se convidado eu vim
Quero falar sobre o filme que eu vejo e ninguém mais vê
Eu sei que não há ordem
São mais de mil imagens que passam por mim
E aqui faço a hora
Pra ter o que não posso tocar com as mãos
Se você for assim
Chegue mais perto agora
Se convidado eu vim
Quero falar sobre o filme que eu vejo e ninguém mais vê
O som não vai embora
O som não vai embora
Se você for assim
Chegue mais perto agora
Se convidado eu vim
Quero falar sobre o filme que eu vejo e ninguém mais vê
quinta-feira, 1 de julho de 2004
    Esperando pegar trânsito e já preparado para escapar dele com um inseparável amigo - o livro - entro no ônibus.
    Ainda na escada, subindo, o radinho amarrado ao lado do assento do motorista ligado em alto volume, os pagodes da Gazeta FM me chamam a atenção. "Vou reclamar... Não, melhor, não... Não, vou sim! Dessa vez eu vou!" Chego ao cobrador, mulato da cor do Brasil, e ao passar pergunto:
    - Por favor, não é proibido rádio no ônibus?
    - Quê? - perguntou entre incrédulo e ignorante.
    - O rádio. Não é proibido rádio no ônibus?
    - É?? Quem disse?
    - O sinal ali - aponto com o cartão de passe discretamente para o sinal acima do motorista, ao lado do de "Proibido Fumar".
    - No Brasil nada é proibido, amigo. - ajeitou-se no banco e virou-se atendendo ao próximo passageiro.
    Afastei-me, desapegado à atenção do cobrador. Sentei-me e seguimos viagem ao som inquietante do radinho.
Chegamos e arrumamos a disposição das cadeiras por nós mesmos, afinal era um anfiteatro de um colégio estadual, com toda degradação e falta de gente que isso implica. Última passagem atrasada, meio aos trancos e barrancos, acertando coisas de última hora. Decisões finais, esporros gostosos e descanso até a nossa vez. Nisso, os amigos (KB, Camila e Olivetti) e os neofamiliares com a linda filha/irmã.
Rosalino no violão: esplêndido, com "tecs", mas impressionantemente clássico. Quodlibet meio chato, meio muito legal, especialmente o final, com música moderna. Bonitinho a querida regente tocando flauta. E nós.
Estava super calmo, mas um pouquinho antes de subir, durante as flautas, começa o nervoso. Depois calmo, e lá em cima no tablado nervoso de novo. Tourdion começa torta em notas, insegura, mas melhora. Quase todo o resto bem, muito bem. Thus saith my Cloris bright, horrível: tenor(es) fora, desafinação e emudecimento das sopranos, regente em sorrisos de nervoso, fulminantes pra mim. Aparte essas partes, das nove, oito boas. E público gostando é bom trabalho.
Bonito ver amigos e amor vibrantes. KB, de olhos fechados, curtindo. Sogra impressionada, inda melhor! Orgulho feliz! "Twinkle twinkle little star."