quinta-feira, 1 de julho de 2004

Quotidiano 2

    Esperando pegar trânsito e já preparado para escapar dele com um inseparável amigo - o livro - entro no ônibus.
    Ainda na escada, subindo, o radinho amarrado ao lado do assento do motorista ligado em alto volume, os pagodes da Gazeta FM me chamam a atenção. "Vou reclamar... Não, melhor, não... Não, vou sim! Dessa vez eu vou!" Chego ao cobrador, mulato da cor do Brasil, e ao passar pergunto:
    - Por favor, não é proibido rádio no ônibus?
    - Quê? - perguntou entre incrédulo e ignorante.
    - O rádio. Não é proibido rádio no ônibus?
    - É?? Quem disse?
    - O sinal ali - aponto com o cartão de passe discretamente para o sinal acima do motorista, ao lado do de "Proibido Fumar".
    - No Brasil nada é proibido, amigo. - ajeitou-se no banco e virou-se atendendo ao próximo passageiro.
    Afastei-me, desapegado à atenção do cobrador. Sentei-me e seguimos viagem ao som inquietante do radinho.

Nenhum comentário: