segunda-feira, 13 de maio de 2002

Meu pai tinha alugado Pearl Harbor e jurei a mim mesmo não ver, mas a curiosidade foi mais forte. Perdi 3 horas da minha vida... Pelo menos rendeu isso aqui:



Molde americano de filmes


Assistir ao filme Pearl Harbor só comprovou minha tese anterior, da época do Titanic. Pearl Harbor se inclui num tipo de filme muito comum em se tratando de filmes norte-americanos. Eles seguem descaradamente um padrão, um modelo, uma fórmula de como se fazer filmes de grande bilheteria. E mesmo sendo repetida a fórmula, eles vendem. Veja se consegue identificar esses pontos em outros filmes:


Uma missão grande, um feito, que é o ponto de partida para a história. Eis a história.
Um casal apaixonado vivendo um dilema, que pode separá-los.
Uma pessoa que faz alguma coisa errada, imoral, ou simplesmente é má e que possivelmente vai fazer algo contra o(s) bonzinho(s).
Um acontecimento que entra pra História do nosso mundo. Esse é o começo do fim.
Por fim, alguns (os bonzinhos) sobrevivem a esse acontecimento, mesmo tendo que pagar o preço de um dia terem se separado (algo ruim acontece a eles, mas não chega a ser muuuito ruim...). E o mal, o traidor, o antagonista morre.


Isso é uma fórmula. Quantos filmes você não conhece com uma história assim? Ou parecida? Titanic, Pearl Harbor, Armageddon, Gladiador, Godzilla (que eu nem vi, mas posso ter certeza que segue esse molde), entre muitos outros. Billy Wilder, renomado roteirista de filmes clássico, disse certa vez que quanto mais o filme esconde sua "fórmula mágica do sucesso", melhor ele é.


Eu classifico o nível de aproveitamento de um filme, o quanto ele acrescenta à cultura de quem o aprecia, eu chamo isso de nível de aproveitamento cultural. Nesses termos, Pearl Harbor é de baixíssimo proveito. A História contada ali é distorcida da realidade, quase ilógica. Japoneses com cara de maus, de assassinos. Mas quando mostram os americanos atacando a base japonesa, aí sim, eles são verdadeiros heróis. Eles amarram medalhinhas dadas pelos próprios japoneses às bombas, para devolvê-las!! Risível.


Pearl Harbor nada mais é do que um filme contado por um povo chato e egocêntrico, o que deixa o filme chato e nacionalista. Para piorar, a tendência americana de produção cultural é justamente exaltar seu nacionalismo exacerbado e tão cego quanto a religiosidade muçulmana, por conta do presidente George W. Bush, que fez esse pedido às produtoras de Hollywood.
Para os apreciadores de um cinema verdadeiro e justo, restam os filmes nacionais, europeus e asiáticos, cujos aproveitamentos culturais são monstruosos se postos ao lado das produções cinematográficas norte-americanas mais recentes.


-------------------------------------------------------------------------------

Ok, agora tenho q atualizar meu currículo. Sou técnico mecânico formado pela Escola Técnica Federal no mesmo curso que o João Gordo, na mesma escola. Espero que meu futuro seja diferente...

Nenhum comentário: