terça-feira, 25 de julho de 2006

e a segunda narrativa surreal...

A - R - P - Va - C - Vi

Ela, desesperada - e, ao mesmo tempo, ávida - corria em direção a ele. Era fim de tarde.

O pôr-do-sol ajudava seu choro, mas ele, [com ela] em seus braços não se comoveu. Ele só pensava em outra coisa.

Pensava na paixão que tinha por aquela moça, que em muitos momentos fizera-o muito feliz.

E logo ficava revoltado, não entendia como ela o traiu com o padeiro. Mas era preciso pensar no futuro das crianças... e sem o pão não tinha como...

Quando a aurora, com dedos de rosa, surgiu matutina, ele já havia esquecido dos problemas. Decidiu cair na noite e pediu uma vódega para o garçom numa mesa de bar.

A Balalaika já tinha acabado e só sobrava a última garrafa de Moscowita. Péssimo, mas já não podia mais escolher o caminho de volta.

Bebe-la-ia de qualquer forma. O pior que poderia acontecer seria uma grande dor de cabeça; e, sem a menor vontade de pensar, seguiu seu fado.

Mas e se fizesse mal? Parou com o copo já encostado na boca. Melhor não, não quero arriscar-me.

Porém, ele não se acovardou novamente e engoliu tudo até a última gota... E aquela última gota significou a abertura do desassossegado livro de uma vida.

E Pedro, que estava de fora, disse à sua gueixa apenas isto: 'Se você dança, eu danço'. E até a última gota foi parar no bar.

Danças mexiam realmente com ele. Ela, aceitando o desafio, pôs-se a dançar abusando de olhares sensuais ao longo da música.

Os corpos se entendiam, deslizavam desejosos, ritmados. Se encaixaram os quadris e os olhares, ele e ela, só.

O mundo podia acabar naquele momento. Assim, aquela deliciosa sensação de tê-la acabaria juntamente com aquele pecado que se consumava.

Mas o demônio o impelia a lutar pela vida e a sugar aquela sensação prazerosa ao extremo. Eis que surgem, do fundo da floresta, corujas e pirilampos.

Meu! Que droga! A maconha acabou galera! Agora só nós resta observar os mafagafos embriagados mafagafinharem por aí!

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