terça-feira, 15 de junho de 2004

Feriadão!

Quarta

Como não quis esperar a saída dos meus pais, na quinta-feira de manhã, resolvi ir pra Itanhaém direto do trabalho, na quarta mesmo. Fomos eu e minha inseparável aventureira Natália.

De mala e cuia, pegamos o ônibus das 16h40 na rodoviária do Jabaquara. Fingimos ser um casal de um inglês e sua namorada brasileira ensinando português pra ele durante toda a viagem. Na baixada, fizemos umas comprinhas e fomos pegar o ônibus para o camping. O caminho do ônibus nos pareceu um pouco diferente da costumeira estradinha de terra batida. Ele havia pegado a pista, e nós o ônibus errado. O motorista nos deu a dica de onde descermos e ainda avisou amigavelmente:

- Da próxima vez, não pega esse não. Pega o Gaivota via Cibratel, não esse. Esse é via pista. O outro passa lá na frente... - Fingindo ser a primeira vez que ouvíamos isso, descemos e cruzamos a pista.

Andamos uma boas quadras no breu invernal das oito da noite de uma rua mal iluminada e completamente vazia, onde os únicos sons eram nossa a movimentação e os grilos. Cruzando a trilha do trem, a mochila da minha companheira ainda abriu o zíper e deixou cair algumas das nossas compras. Nossa sorte é que o trem é lendário e que nada foi perdido senão tempo.

Chegamos no camping. Ufa! Agora sim, tudo em paz. Paz? Nada! A Camping Star, nossa morada provisória, estava uma completa zona. Tudo sujo, fora de lugar, uma bagunça mesmo. Limpamos tudo (ou quase tudo), arrumamos tudo, fomos tomar banho (adoro aquele camping vazio!), cozinhamos, comemos e fomos dormir. Com exceção dos garfos emprestados da Cíntia e dos acessórios da barracona dos meus pais, todo o resto foi on our own. Orgulho é pouco!

Quinta

Friozinho light. Todos chegaram. O cara onde meus sogros deixaram muitos dos pertences deles tinha ido viajar. Ou seja, a barraca-mãe dos meus pais tinha dois satélites: a minha barraca e a dos meus sogros. Meus pais foram fazer compras enquanto eu e a Nati fomos andar na praia. Fome, voltamos e nada, esperamos e nada mesmo. Liguei e já tinham almoçado. Fiquei muito puto e fomos comer no Requint's, o eterno restaurante-sorveteria-point da galera do CCB.

Mais tarde juntou-se à galera reunida a Paula, que costumava acampar lá também, e fomos todos ao centro da cidade, dar uma volta na feirinha de coisinhas. Voltamos e nossos pais já estavam alegres dos vinhos e frios no QG das barracas.

Sexta

À tarde, churrasco com todo mundo, os Andrade, os Carvalho, os Avellar e os Cruz, mais a família do Carlinhos, que eu não sei o sobrenome. :P

Para a noite, os nossos pais iam num barzinho. Como achamos que era pra todos, fomos também. Chegamos lá e um cidadão com cara, jeito e hálito de bêbado executava canções horríveis de velhas num teclado Yamaha destruído. O lugar chamava Rancho Cowtry (isso mesmo, CoWtry). Um lugar onde as mulheres freqüentadoras tinham cara de prostituta em fim de carreira ou de pombas gordas e velhas que não conseguem mais voar. De comida, só frango a passarinho, fritas, polenta frita. Vinho quente e quentão. Ah, tinha pipoca on the house.

Como meu pai tinha reservado a mesa (para 20) e isso não deve ser muito comum naquele buraco, Paula, a dona, uma jovem com o corpo num formato idêntico ao das galinhas d'A Fuga das Galinhas, vinha perguntar se estava tudo em ordem. Numa dessa, a minha sogra (claro!) fez questão de dizer que no canto da mesa "tem uma banda toda". A dona se empolgou e convidou-nos a "prestigiar sua casa". Eu, o Le e o Junior (irmão mais velho da Elis e parceiro de violão nos luaus do camping) ficamos encabulados de início, mas pior que o Tiozão dos Teclados não podia ser. Aceitamos e momentos depois, no intervalo do Tiozão dos Teclados, entramos nós. Executei Jackie Tequila (o teclado ficava mudando por si só toda hora de instrumento!!) e toquei La Bella Luna. Cantamos os três e as famílias aplaudiram. Agradeci "a oportunidade que a Paula nos deu", meu irmão mandou "beijo pra minha mãe, pro meu pai e pra você" e saímos com classe do palco. Minha garota ficou orgulhosa e os pais também gostaram.

De lá, ensaiamos uma ida até o Aldeia Livre Bar, mais conhecido como "A". O povo foi todo desistindo no meio do caminho da mesa até o carro e fomos só eu, a Nati, o Junior e a Lívia. Assistimos uma banda que só sabia tocar Charlie Brown, Detonautas e CPM 22 nesta ordem. Encheu o saco. Quando saíram do palco rolou um intervalo com pop-black-r&b, que eu entendo como músicas-das-neguinhas-que-querem-dar-e-dos-negões-que-querem-comer. Aí sim, entrou uma banda melhor. Mas ninguém tinha mais pique. E voltamos pro camping.

Sábado

Outro churrasco marcou a tarde. Dessa vez na cantina abandonada pela saudosa e excelente cozinheira Dna. Eunice. Depois tentáramos tocar violão e cantar, mas fomos expulsos por uma trupe de "traileristas" que queriam pôr as bandeirinhas para a super festa junina tradicional do camping. (Tradicional desde 2003...)

Nos vestimos a caráter. Eu, de calça de moletom com o elástico da cintura no estômago e o da barra no joelho, com os cordões do gorro pra dentro da calça (parecendo suspensório), fiz uma junção das sobrancelhas e pintei um cavanhaque com lápis de olho da minha irmã. Quase todas as meninas fizeram sardas no rosto, algumas puseram saia e fizeram tranças. Isso tudo fora o sotaque e a sintaxe toda própria do povo do "interrriorrrr". Até rolou um micro teatro "A Irrrrrmã Prrrromisca!", com a Ro, eu, o Junior, a Nati e a Mila. Na verdade não foi teatro, foi mais um fato corriqueiro super potencializado pelos costumes do povo do mato que acabou virando uma encenação. Fiquei surpreso com a Nati que entrou no clima mesmo e não conseguíamos parar de falar com sotaque... Foi muito engraçado.... :DDD

Quentão, vinho quente, paçoca, milho, pipoca, pé-de-moleque, arroz doce, curau, bolos, cachorro quente, pavê, fogueira, batata doce, doces, doces, doces. Tudo feito pelos campistas. Ano passado foi tudo de improviso, em cima da hora. Esse ano o povo já foi preparado. Comemos muito e todos dançamos quadrilha e fizemos um trenzinho. Muito comédia ver os pais nessa farra também... :) Depois disso tudo rolou um forrozinho com cara de fim de festa.

Domingo

Eu e a Na deixamos tudo prontinho pra nossa barraca ser fechada. Foi rápido, até. Estamos começando a pegar prática em fazer tudo sozinhos.

A Nati voltou mais cedo que eu. É estranho estar no camping sem ela... Acho que, desde quando a gente "ficou", isso nunca tinha acontecido.

Ajudei meus pais a arrumar a barraca deles. Almoçamos na cidade e voltamos.

Arrumei algumas coisas e fiquei vendo tv por 3 horas. Ah, que saudade de fazer isso... Lembrei da amiga Rapha (saudades!!!!) pelos programas a que assisti: Scrubs, What I Like About You, Whose Line Is It Anyway?, Minha Casa, Sua Casa e Queer Eye For The Straight Guy, pelo qual eu me apaixonei.

Estou começando a achar que sou mesmo lésbica......

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Enfin, foi um final de semana maravilhoso. Andar no escuro frio, churrascar, dormir com a namorada toda noite, ganhar presente, dar presente, festejar, cantar e tocar num pulgueiro, ver televisão... Quer coisa melhor? Até o trabalho rende mais! Rende posts como este. :)

Tava com saudades de escrever bobagem... De escrever sobre o cotidiano (quase) sem qualquer pretensão a intelectualismo.

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