quinta-feira, 8 de junho de 2006

Show: Los Hermanos + Toranja

Uma purificação. Foi isso que representou pra mim esse show.

Também foi uma evolução frente ao que costumava acontecer. Sempre que o evento tinha mais expectativa do que o "necessário", eu acabava perdendo parte da diversão por não ter alcançado minhas expectativas. Gostei de conseguir controlar os meus espíritos, de não ficar frustrado dessa vez.

Sim, o som não estava dos melhores. E eles demoraram a começar a tocar por culpa dos equipamentos. O Amarante teve vários problemas com o efeito da guitarra, o Bruno ficou sem som por alguns momentos e até o Barba errou virada. Estou sendo chato? Sim, mas espera-se de uma banda como eles, que estava fazendo o show de número 501, que essas coisinhas não aconteçam. Eles ABRIRAM O SHOW com aquela musiquinha instrumental que é o "intemezzo" pra quando algo está errado com alguém da banda! Foi a primeira vez que reparei em coisas do gênero no LH.

Esses percalços, entretanto, não foram o suficiente para estragar o show. De forma alguma. Fiquei feliz de poder estar lá, sem vínculos com qualquer coisa na natureza e curtir a própria natureza da situação, mesmo sem expectativas de qualquer natureza...

A natureza das coisas pode frustrar? Claro que pode. E fiquei sim com saudades. Mas isso não me incomodou, trouxe paz, uma paz libertadora da falta.

Mais incomodado eu fiquei com a minha falta de visão. Como pude ficar numa posição tão ruim?

Nada que eu houvera previsto aconteceu. Não fui de táxi, não me atrasei, acabei encontrei pessoas lá e não pulei tanto. Ah, e o Toranja é legal! Hora pesado, hora sentimental, a banda de Portugal fez a galera cantar seu refrãozinho em contraponto: "Só eu sei ver o sol nascer". "Muito humanas", como disse a Cá.

Enfim, uma purificação. Senti total libertação daquele espírito cabisbaixo exatamente por saber curtir a derrota. A derrota não significa ser menor na vida, significa sagrar-se campeão por aprender com os erros. Fiquei muito feliz por entender isso.

Na volta, numa das poucas linhas de ônibus noturnas, entendi (mais ainda) O Vencedor.

O Vencedor
(Marcelo Camelo)

Olha lá quem vem do lado oposto e vem sem gosto de viver
Olha lá que os bravos são escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder é ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar

Eu que já não quero mais
ser um vencedor,
levo a vida devagar
pra não faltar amor

Olha você
e diz que não
vive a esconder
o coração

Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
só procura abrigo
mas não deixa ninguém ver
Por que será?

Eu que já não sou assim
muito de ganhar
junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor
que sou capaz
só pra viver em paz.

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