Where is my mind?
Saía de casa como sempre, pensando nos meus trabalhos da faculdade, no "Mercador de Veneza" que eu precisava terminar de ler, no ônibus cheio que iria pegar, na falta de ouvir música em que me encontro atualmente, na desculpa de não ouvir música para poder ler mas no final das contas não conseguir ler por causa do ônibus lotado que eu sempre pego de manhã... Saí, no meio de todos esses pensamentos cantando mentalmente uma música qualquer, nesse dia foi "and if they don't believe us now, will they ever, will they ever believe us?", trecho dos Smiths. Enfim, uma manhã como qualquer outra.
Entro no ônibus e é a plenitude de sempre do ônibus repleto. Sentado, no assento ao lado da catraca, sem ninguém a sua frente estava um rapaz com mais ou menos a minha idade, mais bonito que eu e mais estiloso também.
A surpresa: ele estava lendo "Mercador de Veneza", a mesma edição que eu possuo. Coincidência? Claro. Sempre. Porque algumas até me perseguem.
Por curiosidade, achei a camiseta interessante, chamativa, preta com uns escritos em laranja, umas palavras escritas ao contrário. Resolvi ler... E o choque. O mundo parou. O ônibus parou violentamente. Todas as pessoas sumiram, todos os pensamentos, todos os sentidos. Estávamos eu e ele. Ele, blasé, lia. Eu choquei-me com o que lia nele. Na camiseta estava escrito: "And if they don't believe us now, will they ever believe us?"
Os batimentos descompassaram. Transipirei por meio segundo. E o ônibus voltou a andar com a minha cabeça estacionada em uma palavra, um único significado: coincidência?
As pessoas não acreditam quando eu conto.
Eu não acredito quando eu conto.
Eu não acredito em mim.
Eu, Tyler Durden?
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