O Homem que Copiava
(Brasil - 2003 - 123 min)
Divertido, empolgante e engraçado filme que conta a história de um "operador de fotocopiadora" que sonha em sair da pobreza e que acaba vendo na sua função um primeiro (embora ilícito) passo para sair dessa vida.
Lázaro Ramos não encontra grandes empecilhos para encarnar André, o protagonista, cuja fala rápida e dispersa em suas associações retratam bem o clima do filme e a fragmentação de conhecimento de uma pessoa que lê rapidamente tudo aquilo que tira cópias. Um personagem muito bem criado.
Leandra Leal linda, como mulher e como atriz; Luana Piovani não convence muito, mas melhora no decorrer do filme; já Pedro Cardoso está tão à vontade no seu papel que nem parece que está atuando: muito engraçado! (Aliás, agora me pergunto era o Pedro que fazia o papel de Cardoso ou o Cardoso que nasceu do Pedro?)
Jorge Furtado cumpre o papel de diretor, mas dá um show no roteiro de idéias, falas e ações todas muito ágeis. Estilo esse bem que é diferente do que costumam ser os filmes narrados em primeira pessoa, como é o caso de O Homem Que Copiava na maior parte do tempo.
Apesar de em alguns pontos o enredo ser inverossímil, o filme diverte em seu resultado final. Original, engraçado e surpreendente.
Por culpa do foco narrativo não-cronológico, durante as explicações dos esquemas criminosos, o espectador tem a impressão de ser cúmplice dos envolvidos na trama. Isso tira um pouco a percepção de inverossimilhança que poderia se criar no espectador.
E como não pode faltar em todo filme de narrativa veloz, a edição também é muito boa. Destaque especial para uma cena onde André nos descreve o quarto da garota que toda noite ele observa de sua janela: tudo que ele pode ver é por meio do espelho da porta do armário dela, que se abre dando esporádicas visões do resto do quarto ao protagonista. Como nunca aparece por inteiro, André tem uma idéia fragmentada da vista quarto. Essa é a visão que também aparece ao espectador. Idéia e edição primorosas.
Curiosidade também são as animações de Allan Sieber – o mesmo do curta animado Onde Andará Petrúcio Felker?, sobre o qual já escrevi aqui, lembra?
A trilha sonora, embora menos presente que costuma nos trabalhos de Jorge Furtado, segura o ritmo da película. Música eletrônica de se ajeitar na poltrona.
Enfim, um filme perspicaz e divertido que conta muito bem a sua história. É o estilo do novo cinema nacional, é o estilo de Jorge Furtado.
Também dele: Houve Uma Vez Dois Verões, sobre o qual também já escrevi aqui, os roteiros de Tolerância, Lisbela e o Prisioneiro, do seriado Os Normais e também do filme que estreará ainda este ano, além do imperdível e obrigatório Ilha das Flores, premiado curta-metragem do diretor e roteirista que pode ser assistido em seu computador clicando aqui.
Onde assistir O Homem Que Copiava
Veja o trailer: Quicktime; WinMediaPlayer
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