domingo, 27 de abril de 2003

"Quando as estrelas surgem na tarde, surge a esperança...
Toda alma triste no seu desgosto sonha um Messias:
Quem sabe? o acaso, na sorte esquiva, traz a mudança
E enche de mundos as existências que eram vazias!"


Grande Bilac!!
Aliás, nada tão pleno como estudar poesia e lê-la em si mesmo.

Justo o poema do Cinzas das Horas, do Bandeira, que eu mais gosto (fora a Epígrafe) é aquele que terei de analisar... Coincidências...

Confissão

Se não a vejo e o espirito a afigura,
Cresce este meu desejo de hora em hora...
Cuido dizer-lhe o amor que me tortura,
O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora

Cuido contar-lhe o mal, pedir-lhe a cura...
Abrir-lhe o incerto coração que chora,
Mostrar-lhe o fundo intacto de ternura,
Agora embravecida e mansa agora...

E é num arroubo em que a alma desfalece
De sonhá-la prendada e casta e clara,
Que eu, em minha miseria, absorto a aguardo...

Mas ela chega, e toda me parece
Tão acima de mim... tão linda e rara...
Que hesito, balbucio e me acobardo.


                                                        Manuel Bandeira

Nenhum comentário: