segunda-feira, 6 de janeiro de 2003

Ontem, corrida para o vestibular.

Os portões abrem às 12:30 e fecham às 13:00.
Levo 20 minutos de lotação até o local de prova.
Por precaução, resolvi sair às 11:45 de casa.
"Sete reais e uns centavos. Deve dar". Peguei as notas e fui.

Todos os ônibus passavam, mas não a minha lotação. Cinco, dez, quinze minutos e eu ouvindo o anunciador da Casa de Carnes Boi Nelore comentando sobre "os maravilhosos preços promocionais!!" ao som de "O Melhor do Forró 2002".
E tudo passando, menos minha lotação.
12:05, 12:10, 12:15 entrei em desespero. O primeiro que passasse eu pegava. Precisava ganhar tempo.
Aí, só porque qualquer uma era minha meta, NADA passava.
12:25 peguei o primeiro que passou. Enquanto ele andava, eu calculava onde poderia descer para encurtar meu caminho sem distanciar-me dele.
12:35 desci. Andando rápido cheguei a um outro ponto de ônibus, direcionado para minha rota. Esperei, perguntei aos muitos que ali estavam a esperar também os ônibus e nada.
12:40 bateu o desespero total e saí correndo em direção ao próximo ponto de ônibus. Parei no ponto e um monte de ônibus vinham vindo. Entrei no primeiro. Só precisava ganhar espaço na retilínea avenida. O desgraçado foi parando em TODOS os pontos de ônibus e as pessoas demoravam a entrar no ônibus. Ou talvez a demora parecesse maior pela minha pressa?
12:50 desci num cruzamento onde divergiam os caminhos do ônibus e o meu. Corri. Nunca corri tanto na minha vida. Eu tinha só dez minutos para chegar ao colégio e ainda faltava quase um quilômetro até meu destino.
Parei para respirar num ponto de ônibus. Dava sinal para todos os ônibus e, sem entrar, perguntava se iam para o lugar onde eu desejava. Nada. Seis ônibus e nada. Comecei a correr de novo.
12:56
Olhei um ponto de taxi. Era minha última chance. Cheguei correndo já dizendo:
– Vamos, vamos, vamos!!!!!!! Largo Treze!!!
O cidadão olhou pra mim achando que era assalto.
– Tô super atrasado. Tenho que chegar lá à uma no máximo. Faltam dois minutos!
O motorista olhou para o seu reloginho. Arregalou os olhos e pisou fundo. Foi a primeira vez que vi um motorista de taxi chegar a 90km/h !!
Me deixou no cruzamento da rua do colégio.
– Três e cinqüenta.
Dei-lhe a nota de cinco.
– Cobra quatro.
Deu-me um real, pus no bolso e sai correndo, ainda dizendo obrigado.

Atravessei a rua voando.

Corri até o portão.

E fui o último a entrar.
O cara fechou o portão atrás de mim, virou, e me vendo tomar ar bateu no meu ombro:
– Calma, filho. Você conseguiu. Por [fingindo olhar o relógio] 30 segundos, mas conseguiu. Agora olha na lista a tua sala e sobe.

Fiz a prova de português/redação pingando suor, cansado e com dor de cabeça.

Terminei a prova vitorioso. Depois de todas essas adversidades, nunca tinha ido tão bem numa prova de vestibular. Eu sabia tudo!

Ainda bem que na minha segunda fase não tem prova de matemática... Porque ao voltar, pus a mão na carteira e percebi que tinha errado na conta do dinheiro. Fiquei só com o um real de troco do taxista. Resultado: uma hora e meia andando até chegar em casa.

Ufa!!!

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