terça-feira, 19 de novembro de 2002

"going through changeeeeeeees..."

Meu pai, revoltado pela prefeitura ou seus filhos nunca cortarem os matinhos que cresciam na calçada de casa, resolveu fazer uma nova calçada para o nosso lar.

Toc, toc, toc, toc, pow, pow, pow, pow, pla, pla, pla, pla... Esse é o barulho que ouvi ontem o dia inteiro. Quebraram toda a calçada. Ao final da tarde, descarregaram cimento, areia e os tacos de granito, que - óbvio - deixaram na garagem. Agora toda vez que alguém abre a porta, tem que segurar o cachorro pra ele não ir fazer xixi no cimento, nem ficar cavando na areia.

Fora os dois pedreiros, que não sabem falar, só gritar. E gritam um com o outro num dialeto próprio. Impossível de traduzir. Mas quando é para se dirigir aos "patrões", aí a linguagem volta a ser o português, digamos, compreensível.

- Eu nunca fumei na vida, não senhora, não. Eu tomo uma ou outra de vez em quando, mas nunca fumei! - disse o pedreiro-chefe, inchado de bebida.

- Ah, que bom! - disse cordialmente a patroa, minha mãe.

- Ótimo! Morrer pelo fígado e não pelos pulmões sempre é motivo de orgulho - disse meu pensamento.

Hoje, me acordaram com a campainha às 8 da madrugada.

Abre os olhos, olha o relógio, anda apressado até a janela, percebe que estão os dois pedreiros mais os nossos amigos-vizinhos com caras curiosas estão olhando, lembra-se de manter os olhos abertos, esbarra no cachorro, pega a chave, abre a porta de alumínio (que tem vista para o portão da rua) e vê um dos pedreiros entrando dizendo: "Ah, gente, se preocupa não. Tava aberto, olha".

Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...

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