segunda-feira, 5 de agosto de 2002

"how high can you fly with broken wings?"

Ontem tomei um tombo.
É bom. Faz você ver o mundo diferente. Puxa aquele segundo pé que está começando a levitar também de volta para terra.

É engraçado. São coisas que estavam sempre lá, mas você esqueceu e, ao tomar um tombo, você vê. Quando tomo um tombo fico paciente, me emociono com filmes, choro ouvindo Jewel, agradeço às pessoas e digo-lhes "bom trabalho". Quando tomo um tombo fico mais frio, não faço comentários irônicos, não rio e não faço rir, ao mesmo tempo fico mais romântico, mais nostálgico. Quando tomo tombos penso em todos ao meu redor e agradeço por não estar sozinho. Acho graça em coisas que seriam "coincidências", como comprar um cartão telefônico e nele estarem descritas as características do meu ascendente:

CÂNCER
de 21/06 a 21/07

Apesar de inconstante e possessivo...
Palavra-chave: Proteção
Elemento: Água
Cor: Prata
Pedra: Pérola
Metal: Prata
Dia da Semana: Segunda-feira

Segunda-feira, proteção, prata - como sangue de unicórnio, água - como a da chuva...
Tombo, discussão, briga, choro, desapontamento, câncer, Câncer.

Quando tomo um tombo, fico caído e penso. Escrevo as palavras mentalmente. Por isso às vezes saem desconexas assim. E o jeito de escrever fico como o da Clarah. Eu entendo a Clarah. É a dor. Ela escreve como quem chora. Como quem toma tombos demais e não tem mais lágrimas. Só dor.

Quando tomo um tombo, fico feliz pelos momentos passados e pelo que com ele aprendi. Ainda assim dói. Dói muito.
Mas passa. Sempre passa. Sempre passou e sempre vai passar.

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