quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Nossa, faz tanto tempo que não escrevo aqui, que até perdi a prática... Blogger de cara nova, bem nova. Nada como as (pseudo)férias para ter um tempo pra refletir. Posto aqui um poeminha que comecei a escrever há uns meses, talvez até anos, nem sem mais... Quatrilho quarteto É um em cada canto Num corte de cartas Encontro uma espada Uma taça de ouro Mas não na minha mão Vem com minha amada Lhe toma o oponente Que corta o coração Perigos na cara Amigos, que nada

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Fomos a Extrema - MG

Saídos às pressas
Quase-direto da A-Mor
Para o Frango-Bragança.
Espera com espeto
e lá estavam:
Carol e Gabriel; Raquel; Fabinho e Anderson, com Bruce.

3h40 chuvosas
de uma noite de pique interminável.
Psy à piscina,
Churras com Aurora.

À tarde, cidadela, compras e carne até tarde.
A Ji Ni só trouxe o Bom Retiro
(q - pena - quase foram para outro sítio).
No "eu nunca", truco.
E bilhar com o anfitrião, o porco sortudo.

Diferentes coisas conhecidas
E conhecimento próprio das novidades:
"So-ju", banzai!
Conversa de 4 vs. os virgens (BVs!)
sem cheia de dedos.

Contato com outros mundos...

Tem o "tem um homem aqui",
o "cachorro preto",
um rio de melancia na parede,
roncos, churrasco coreano
e rimos todos.

Day after: caos.
Não ter por onde começar
o (bom-)dia, (a) deus...
Sem preguiça de falar mal.

Interação com SAP, nada mal.
Aula de "arroz brasileiro",
forno não-elétrico e
pasta de pimenta.
Bezerrovalos-dinovacas numa paisagem de Senhor dos Anéis.

Relax.

O ontem não existe...
Depois da soneca, um céu maravilhoso
se abre
para o nosso
horizonte.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

The king is dead

O cantor e compositor Michael Jackson, 50, morreu na tarde desta quinta-feira (25), após sofrer uma parada cardíaca em sua casa, em Los Angeles.


Eis um dos caras que, sem dúvida, me fez gostar mais de música e me fez prestar mais atenção a esse que é um dos grandes amores da minha vida. É uma triste perda...

Juro que eu esperava que ele voltasse a fazer sucesso, com essa nova turnê, um próximo disco, mas não.

Apesar de todos os problemas jurídicos, financeiros, de saúde, presentes nas piadas do mundo todo e eternamente na mídia, eu preferia lembrar dele como o cara que acreditava numa possibilidade de um mundo melhor - dançando, cantando e fazendo shows e clipes como ninguém.

Essa é uma pequena homenagem.

Dream Theater - "Solitary shell"

He seemed no different from the rest
Just a healthy normal boy
His mama always did her best
And he was daddy's pride and joy

He learned to walk and talk on time
But never cared much to be held
and steadily he would decline
Into his solitary shell

As a boy he was considered somewhat odd
Kept to himself most of the time
He would daydream in and out of his own world
but in every other way he was fine

He's a Monday morning lunatic
Disturbed from time to time
Lost within himself
In his solitary shell

A temporary catatonic
Madman on occasion
When will he break out
Of his solitary shell

He struggled to get through his day
He was helplessly behind
He poured himself onto the page
Writing for hours at a time

As a man he was a danger to himself
Fearful and sad most of the time
He was drifting in and out of sanity
But in every other way he was fine

He's a Monday morning lunatic
Disturbed from time to time
Lost within himself
In his solitary shell

A momentary maniac
With casual delusions
When will he be let out
Of his solitary shell

segunda-feira, 30 de março de 2009

Alguma coisa fora da ordem

Saímos, eu, Alê e sua família, do concerto da Sala São Paulo, em que russos tocaram: ótimo!

Em direção à Treze,
passei no Extra (3 Eisenbahn tava na medida, apesar de não geladas - e voltei no tempo c/ Kinder Ovo na fila do Glória, enquanto pessoas combinavam os "nome na lista". Entrei

Som bom, daqueles que dói no peito. Pista espelhada (falsa grande). Olhar em volta, conhecer o terreno, sentir só. Chapelaria, voltar, cadê a Mari? Pessoas desconhecidas se fazendo all over. Mari e amigues! Sou (o único?) hetero, piadas all nite. Pista: Britney, Madonna, George Michael, símbolos pops, funkinhos, gêmeas Olsen (ou "TaísiAna" - Louisiana, segundo o Bruno - ou Tiago?).

Fora, conversas, mininês, desabafos, (coitadas das fofas combinantes Taíseana), pessoa da Letras - um Rafael!, meu espelho do outro lado. Mojito c/ Sprite (!) bom (!) da bargirl bonitinha. Cigarros e banheiros (com parede de espelho, genial) e cervejas e danças. Cadê a Marina? (Ê, Ma...) Bem que a TaisiAne eram familiar! A Nanda (fofa) interessa no carinha da fila-combinando-o-"nome-na-lista", mas nem era meu amigo. Conflitos (morais?) das meninas.

– Mulher é foda...!

– Mulher é foda mesmooo... É por isso que eu sou viadooo! - esse Thiago arrasa.

Alegres, dançando, gente jogada nos colchões. E eu lá, na vibe do som bom, sem pensar em relógio... "Vambora?"

Subimos a pé até o Extra, eu, Taís e Ana, agora individuas. Encontramos o povo lá e indecidimos o que comer – fatias de bolo de rolo, minipão e minha faca hétero – sentados no parking com o céu que se abria. Adeusas amigas e Princesa Isabel.

Next morning-noon alone
another bed another land
other rules
cold shower
Mit FM: Chumbawamba... argh!

A vida de poesia
Concreta e coditiana
Se reestabelecia.
           Levemente.
Pessoas e lugares,
                     Tudo em seu lugar.

"It's the same old song and dance"

"I know...
It's only rock 'n' roll but I like it!"

Abstinência

Eu sei, eu sei... To sumido.
Tem Ilha Grande
Tem o Rio/Alanis
Tem o Radio-fucking-head (O melhor show ever. E ponto.)

Mas tem coisas que saem com mais fluidez, mais inspiradas. Outras demoram um pouco mais para que os sentimentos sedimentem e virem palavras.

E às vezes só tô sem tempo ou sem saco.

domingo, 25 de janeiro de 2009


Um poema-retrato auto-explicativo para quem entende.
Estava nos comentários, mas merece maior destaque.


Nos conhecemos
Memória nublada
Um amor
sem fim
Não precisa de
extremidades

Amor. Roma.
Sem sentido?
Palíndromo!
De ponta-cabeça
Oito pés, de pé
Roma. Amor.

Amor! Que
Toma meu ar que
Ocupa um lugar que
Eu não sabia existir

Mas respiro
Inspiro
Me inspiro
Em tri-delícias!

Me torno maior
Me torno melhor
Sou mais vocês

Olho em torno
Um bater-garfos
Gato, peixe

Dias que quero
Inspirar
Mais e mais
Tomar ar
Mais e mais
Dar lugar
Mais e mais
Pra vocês
Mais e mais
Em mim!

Com o beijo da Li!


(Li)

speechless...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Americana atípica

Isso sim é vida! Calor, sol, nuvens e chuvas esparsas. Férias, amigos, passeios e alguns quilos! Eeeeeee!!!

Onde vai mesmo o bolo? Será que cabe a maleta de pôquer? No cartão, uma letra para cada nome. Estrada, parabéns no SerrAzul, estrada. Em casa, presentes. A melhor vodka é da Ucrânia, Nemiroff. Mas é à Parma a terapia de relações passadas: vidas iluminadas. Fotos. "Eeeee!!" O calor típico de uma noite atípica. Ronco. Sussurro. Alpino (doce deleite de amigos). O que será d'(a)manhã que raiou!

Compras, comprinhas, Marya-comprasdenovo. DVD já cabeado: soneca quase falha, mas sou uma máquina de dormir... Bruni em italiano, "el ron" de Havana, un Belle tutorial, e, sem Offenbach, Can Can. Beijos e beijinhos (mas com o ne-ces-sá-rio cravo, aliás, por todos os lados: dentro e fora, sobre o coletivo e o individual, do pão de mel de Havana ao futuro). Aliás, Havana! ((Viva Cuba!)) Tudo isso, em média, Fassina-nos. E depois de "ralar" um capote vigoroso.

Músicas de acordar. Pães de mel, pt 2. No caminho, a Stella foi para o céu. Pequeno tour com Roxdízio. Saudosa comida saudável: almoço no São Vicente. Mas não havia santo que salvasse o Oswaldobolo de seu Fim... Nada como café e... cervejas em degustação aprovada. Dias campeão: Old Speckled Hen no panteão! "Acabou 'el' tequila"?!?
De repente Jim,
Silhuetas resvalam-me à sorte:
impressas na mente lúcida e fértil
"Heroin" e as batidas dos corações;
capa-e-espáduas em ginetes belígeros;
romântica heroína de ações!
Portas abrem as tantas formas do amor...
À vontade, sem desejos e intenções.
Salve-as todas juntas!
Amei-os em meio a eles. Primeiro ele, depois ela, curioso. À luz difusa, sem abat-jour lilás ou máscara neutra. Contornos indeléveis de amor, sem sequer tocá-los. Raia o dia como quem brinca, como quem brinda.

Depois de alongado workshop, Pastel do Nego, Frutos do Cerrado, mercados e mercados, álcool para lan-picadas, Mach3 tutorial, o descanso e o estômago vazio para calcular com Lótus 123 e... "14 pessoas enganadas!" Meu cavalo tão garboso ganhou sem querer o Bodão - jogo do empurra-empurra vitória. Nessa névoa desconexa de lembranças (tortas como num Twister), sou uma criança de seis anos. À luz das coisas não tão à vontades, lágrimas na chuva de dentro: out of the heart that wasn't in it. Ah, The night... até não agüentar(?) mais. Descobrir que sou mesmo uma máquina de dormir sob tensão, sempre acordado, sempre acordado, sempre acord...

O dia da volta. Dormir pouco (ou quase nada). Revelar listas misteriosas de pessoas (conhecidas?). Ao ap, pânico em maus lençóis. Cesta e coisas piquenicáveis. O que estávamos fazendo no Pq. Ecológico na chuva? Churrasco!! Não, sendo sexies, sempre! Empanturrando-nos com crianças furando panela. Taco arranhado mas ap arrumado. Coitado do DVD! [Só faltou o De Puro Guapos... Tudo bem, we're guapos enough.] Chuva na visita àvó, sua doçura de sempre (com "bhala qui guda nu shéu da bhoca"), sombrinha de Olinda e furo jornalístico-catastrófico no isopor. Carro equipado, reprimendas e Guns: Temaki-ya! Hora de provar da torta "de" limão.

Pisando fundo e leve na volta à SP chuvosa e os melhores amigos, de longa data futura... Quando nos conhecemos mesmo?

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Ano novo

Pois é, ano novo, vida nova.
Template diferente para a gente ficar se matando para chegar a um template ideal.
Tudo ia muito bem até que o YACCS, meu sistema de comentário favorito, encerrou atividades. Aí, para colocar outro no lugar, percebi que seria necessário fazer um update na cara disso aqui, e cá estamos, com o mesmo blog, mas com uma roupagem diferente, ainda muito apática. Aos poucos vou mudando.

Resolvi nesse ano novo não passar tanto tempo no computador, mas como toda boa resolução de ano novo que se preze, não deve acontecer exatamente como planejado. Em todo caso, cá estamos, quase seis (sete?) anos depois do nascimento desse blog, que já foi de tudo. Agora só procuro por uma serventia.

Na verdade, acho que sei qual a serventia desse blog: arranjar problema. Se a vida vai bem, ficamos entediados. Então, preciso me distrair, e cá estamos.

"2009, vida nova".

O que se vai muitas vezes volta em outra forma. Vamos se se o que se foi em 2008 volte com uma forma muito melhor nesse ano que se inicia.

Sempre, sempre, sempre expectativas. E cá estamos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Memórias do subsolo

"O impossível quer dizer um muro de pedra? Mas que muro de pedra? Bem, naturalmente as leis da natureza, as conclusões das ciências naturais, a matemática. Quando vos demonstram, por exemplo, que descendeis do macaco, não adianta fazer careta, tendes que aceita a coisa como ela é. (...) Porque dois e dois são quatro, é matemática. E experimentai retrucar.

'Não é possível', vão gritar-vos, 'não podereis rebelar-vos: isto significa que dois e dois são quatro! A natureza não vos pede licença; ela não tem nada a ver com os vossos desejos nem com o fato de que as suas leis vos agradem ou não. Deveis aceitá-la tal como ela é e, conseqüentemente, também todos os seus resultados. Um muro é realmente um muro... etc. etc.' Meu Deus, que tenho eu com as leis da natureza e com a aritmética, se por algum motivo, não me agradam essas leis e o dois e dois são quatro? Está claro que não romperei esse muro com a testa, se realmente não tiver forças para fazê-lo, mas não me conformarei com ele unicamente pelo fato de ter pela frente um muro de pedra e terem sido insuficientes as minhas forças."

(Fiódor Dostoiévski)

sábado, 6 de dezembro de 2008

Ain't no sunshine


Ain't no sunshine when she's gone.
It's not warm when she's away.
Ain't no sunshine when she's gone
And she's always gone too long anytime she goes away.

Wonder this time where she's gone,
Wonder if she's gone to stay
Ain't no sunshine when she's gone
And this house just ain't no home anytime she goes away.

And I know, I know, I know, I know, I know,
I know, I know, I know, I know, I know, I know, I know,
I know, I know, I know, I know, I know, I know,
I know, I know, I know, I know, I know, I know, I know, I know

Hey, I ought to leave the young thing alone,
But ain't no sunshine when she's gone, only darkness everyday.
Ain't no sunshine when she's gone,
And this house just ain't no home anytime she goes away.

Anytime she goes away.
Anytime she goes away.
Anytime she goes away.
Anytime she goes away.


And as for me... I still live in Notting Hill.
=/

Ain't no sunshine

Uma das nossas vozes se foi.
(E no período mais crítico.)
Não há teses
como "não há vagas".

Aprendi muito contigo lá, foste minha mestra. Aqui fora, além de mestra (com os meus "tá certo isso?"), continuarás sendo minha "amiga e companheira no infinito de nós dois".

Sentiremos tua falta, Ale.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Um dia eu quis essa vida

Última pergunta da entrevista do Bráulio Mantovani, roteirista de Cidade de Deus e do recente Última parada: 174, ao UOL.

Que conselhos daria para alguém que quisesse se iniciar na atividade de roteirista? O que diz a quem lhe pergunta isso?


Meus conselhos são: 1) tenha certeza de sua vocação, 2) desenvolva as habilidades básicas do roteirista (pensar e escrever com imagens sem usar termos técnicos; dominar os princípios da dramaturgia); 3) estude os roteiros dos mestres, 4) reescreva, 5) reescreva novamente, 6) reescreva sempre.


Um dia eu quis essa vida. Hoje, não sei mais o que quero.

sábado, 2 de agosto de 2008

Informe importante

Três garotas estão enganando vários motoristas parados nos semáforos da zona Sul em S.Paulo. A primeira, uma garota linda, com um busto avantajado e um top reduzido (com os peitos quase de fora), oferece-se para lavar o pára-brisa do carro. O detalhe é que ela já vem com o top todo molhado e grudado ao corpo. A segunda aproveita a distração momentânea da vítima, enfia a mão dentro da calça do motorista, começa a masturbá-lo e num lance que demonstra muita prática e habilidade, se projeta dentro da cabine e começa a fazer sexo oral. Ai fica totalmente aberto o caminho para que a terceira aproveite para roubar tudo o que estiver nos bancos do passageiro ou até mesmo no porta-luvas do carro.

CUIDADO! Elas são perigosas e estão bem organizadas. Eu já fui roubado 22 vezes na última semana, 5 vezes ontem, 6 vezes na terça-feira e 7 vezes na segunda-feira. Hoje ainda não consegui descobrir onde elas estão agindo. Se souber de algo, me avise pois elas sumiram...



Sim, este blog perdeu o respeito.

Mas continuamos em busca de sua função.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Parabéns, queridos!!!

Quero dar os parabéns para os membros do meu "Fab-4", pelas "graças alcançadas":

Li, as fotos ficaram lindas!! Tenho certeza que seu trabalho foi genial. Agora é esperar a première!

Ro, agora é aguardar a banca! Congrats, meu dear!! Maintenant, bon voyage!!

Lê, agora é despistar a profª de Infantil e se concentrar na última prova. Ajudo-te se necessário!!

Ra, parabéns por ter tirado 10 em POEB e em Didática!! E nove na "tese de livre-docência em educação", ou o Relatório de Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa I (vulgo MELP I).

Beijos e abraços a todos.

Momento reclamação e anúncios de shows

Pô, não gostei da KissFM anunciar o show do Joe Satriani daquele jeito.

"Após 20 anos de lançamento de sua obra-prima Surfing with the alien, Joe Satriani retorna ao Brasil com uma novidade ainda mais explosiva (...)"

Cacete, eu sei que eu tô velho. Não preciso que a rádio me lembre disso a cada 20 minutos...

hunf...

Apesar de eu gostar muito do Satriani, o show deve ser meio malinha, com seus 500 solos intermináveis - motivo que faz os fãs quererem ir. É aí que descubro que não sou tão fã assim. E é melhor guardar para o Rush - de novo no Morumbi, ainda sem data - e para o da Madonna, na segunda quinzena de dezembro, também no Morumbi. E não curto o termo "eclético", prefiro "versátil".

PS: Como é bom estar de férias e poder postar alguma coisa!! YEY!!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Narciso literário

Ajudando uma amiga num trabalho de faculdade, respondi umas perguntas relacionadas à educação de literatura. Gostei tanto do assunto e das minhas respostas que resolvi publicá-las no meu momento narciso.


1)Como você idealiza sua função como professor de literatura?


Idealizo como um ser que é capaz de fazer com que alunos que não sabem e não gostem do assunto não somente aprendam, mas sintam-se motivados a ler e conhecer mais da literatura, ao menos do país em que vivemos.


2)Como vc concebe a elaboração de um currículo ideal para o aprendizado de
literatura, tendo em vista os conhecimentos adquiridos durante o período de
sua formação acadêmica?


Com base nos conhecimentos da universidade, penso num currículo ideal composto primeiro pela importância dos movimentos na criação literária, ao invés de ir estudando-os cronologicamente. Claro que também é necessário adequar o conteúdo ao grau de compreensão do aluno. Mas acredito que o correto seria começar brevemente pelo Trovadorismo, depois dar ênfase ao Romantismo (influenciado diretamente por aquele), ênfase no Realismo, brevemente pelo Parnasianismo, Simbolismo e Pre-Modernismo. A maior ênfase seria dada no Modernismo, já com alunos mais velhos, para que esses percebam que a literatura vai além do papel e pode ser uma atitude. Acho importante que a cada movimento literário seja situado para o aluno em que período que se está, para que ele possa ter a visão do todo dos movimentos.


3) Pensando na diversidade cultural existente no mundo de hoje, como conciliar
o estudo de literatura com as diversas visões culturais presentes na sala de
aula?

É necessário mostrar para o aluno que não existe uma só "cultura literária", mas muitas. Não existe uma central, ou dominante. Como diria uma frase célebre pintada na Praça do Relógio da USP, "no universo da cultura, o centro está em toda parte". A diversidade cultural é necessária e deve ser mostrada e valorizada para o aluno. Claro que se deve informá-lo que existe uma certa classe, dominante, que vai cobrar dele o conhecimento do que essa classe considera ser uma literatura também dominante; mas da mesma forma ele deve saber que esse conceito não é adequado ao mundo plural em que vivemos hoje.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Neo-hippies

02 Neurônio
(fonte: Folhateen)

>>Jô Hallack >>Nina Lemos >>Raq Affonso
02neuronio@uol.com.br / http://02neuronio.blog.com.br/

QUANDO ÉRAMOS teens, a frase "odeio hippie" era um de nossos mantras preferidos. Só que o tempo passa e a gente troca de mantra. Hoje, é "odiamos neoliberais". E, mais do que isso, começamos a perceber que aquilo que os hippies pregavam era bem legal. Por isso resolvemos sair do armário. E com orgulho assumimos, somos neo-hippies. Significa que:

Queremos ficar em paz
Sim, sabemos que todo mundo tem um lado agressivo. Mas tentamos cuidar do nosso lado tacando a cabeça na parede sozinhas em casa se necessário. Não achamos nada bacana ser agressivo com os outros. E, cada dia mais, desprezamos as pessoas que gritam: seja um chefe, um professor de química ou um pretê.

Até somos a favor do amor livre
Ficar com um amigo pode ser legal, bem mais bacana do que beijar um babaca, ou um careta, como os nossos amigos hippies diriam. Só que somos neo-hippies -e não hippies- por isso achamos que tudo no mundo tem limite. E que essa coisa de ficar com outras pessoas e "contar para o companheiro", como era moda nos anos 70, é uma roubada fenomenal.

Quase moramos em comunidades alternativas
Sim, alguns dos nossos exs são bem vindos em nossas casas, inclusive com suas atuais namoradas. Se o ex fica amigo, acabamos achando que ele é meio parte da nossa família, que, é claro, é formada pelos nossos amigos.

Achamos ridículo querer ganhar muito dinheiro
Na sua escola deve ter um monte dessas pessoas. Elas querem vencer na vida a qualquer custo. Provavelmente vão conseguir. Só que esse vencer na vida é bem relativo. Vocês acham mesmo que ser um vencedor é trabalhar 14 horas por dia e passar por cima dos outros só para se dar bem na firma? Aliás, achamos uma babaquice tremenda dividir o mundo em losers e winners.

Gostamos de nos sentir "on the road"
Muito bacana pegar uma mochila e sair por aí. E não estamos falando de pacotes turísticos para a Disney. Pegar carona hoje é perigoso. Mas sonhamos com longas viagens de trem. E achamos que um mês de felicidade por causa de férias na Europa é muito pouco.

Voltamos a gostar dos Beatles e do Caetano
Calma. Ainda acreditamos no faça você mesmo e que três acordes bastam para tudo. Por isso, assumimos que ainda odiamos rock progressivo e guitarristas virtuoses.


As meninas estão com tudo! Exceção à última parte, em que:

Três acordes não bastam para tudo. Irgh!
Rock progressivo é bem legal, as well as guitarristas virtuoses.


E, sim, eu leio "Folhateen".

segunda-feira, 31 de março de 2008


Poema Play

"A dança das canetas: uma vida anotada"

Tremíamos "feito vara verde",
como nossos pais.
Os números já tinham dançado
sua dança louca
nas falhas planilhas e bloquinho
para formar o grande bloco de notas
que ainda não temos...

Pós almoços homéricos,
de Itiriki à Ogawa,
o segredo é conter-se.
Ficaram pra trás
a falsa valsa e
a farsa da máscara neutra:
pura sensação extravasada pela caneta,
um tango apaixonado no papel das Notas.

Os olhares cúmplices...

Nós, em dois, em um nome
depois de tomarmos tantas notas,
a sublimação de escrever-nos tantas vezes virou
o champanhe
do contrato selado,
gelado,
visto que sem Li (ou Sueli).
Mas a Glória nos chama ao longe
de longos anos...

Era como se fosse a nossa primeira vez
E, de fato:
(memória)
nervoso feliz
(memória)
instigado querendo
impulso
e o sorriso
(sorriso)
duradouro
(e certo)

"Play"
Simples assim.
O significante significativo!

O grito ficou preso na pressa
já que 7min nos separam
do Ipiranga,
reproduzido nos livros de história
direto para nossa História.

Os parabéns das finanças humanas
nos olhos e nos SMSs.
Assim como quem brinca,
lendo A Regra do Jogo,
crescemos.

Ao fim de uma semana,
como toda boa idéia,
é bom escrever e gravar
pra sempre:

Eu e o folder entrando na casa paterna
O beijo para o trabalho feliz
Os parabéns "splash and go"
A mensagem celular
A chamada ao longe
Às palmas escrituradas
As fotos e o poema
"A dança das canetas",
com suas notas, que,
oxalá, se Deus quiser e a Deusa permitir,
vão virar música para dançarmos
juntos...

domingo, 17 de fevereiro de 2008


Wonderful tonight
(Eric Clapton)

It's late in the evening; she's wondering what clothes to wear.
She puts on her make-up and brushes her short pink hair.
And then she asks me, "Do I look all right?"
And I say, "Yes, you look wonderful tonight."

We go to a party and everyone turns to see
This beautiful lady that's walking around with me.
And then she asks me, "Do you feel all right?"
And I say, "Yes, I feel wonderful tonight."

I feel wonderful because I see
The love light in your eyes.
And the wonder of it all
Is that you just don't realize how much I love you.

It's time to go home now and I've got an aching head,
So I give her the car keys and she helps me to bed.
And then I tell her, as I turn out the light,
I say, "My darling, you were wonderful tonight.
Oh my darling, you were wonderful tonight."

Mesmo que não tenha sido perfeito, é assim que quero me lembrar da noite de ontem.

Faço aqui uma pequena homenagem a uma amiga que recentemente passou na USP. Depois de dois anos de Etapa, a gente acaba ficando bem mais próximo dos alunos.

Há mais ou menos um ano, marcamos - eu, a Fe, a Na e a própria Tathy - de ir beber no Tchê, perto da SJ. Foi bem legal e emocionante a noite que registrei em versos.

Cervejada com amigas
Esperei-as no metrô
Fernandinha e a Tathy
"A Natasha vem depois"
São Joaquim, o que é o Tchê?!
Profundezas de um boteco
Apagado, tenebroso,
Só sinucas e cervejas
Sem sequer u'a musiquinha...

Na partida tomei pau,
Chega a Na e traz notícias.
Às chamadas celulares,
choros, risos e abraços...
e conversas...
e cervejas...
e partidas...
e lembranças...
Todo mundo abre a vida
E ninguém é mais criança.
Deu vontade de crescer.

Descobertas bastante chocantes
Antes nunca imaginadas
Saindo de todos os lados
Pra gente dar risada
E se sentir mais próximo
E ser mais
Amigo
E adulto
Sem perigo
Mesmo com garotas
Com tacos e bolas
Amizade "sem cheia de dedos"
Com histórias e conselhos.
Super divertidos!

"I love you all forever and ever".

(Raphael Aguirra)

=)

Parabéns, srta. "5º lugar em Artes Plásticas"!!!

sábado, 19 de janeiro de 2008



Às vezes é preciso calar. Às vezes, falar:

– É pistaaaa!!!



E dessa vez devo ir ainda mais bem acompanhado. We'll meet at the pit.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

É aquele papo, filme vai, filme vem... 31ª Mostra e tal... Tarantino foda, El orfanato foda, uns mais ou menos, outros menos... Mas, depois de tanto tempo no mudo, resolvi falar...

Nome próprio

Pois é. De novo, to apaixonado... Não fiz uma música porque ela não saiu. Virou texto. Esse. Às vezes é preciso fazer as coisas virarem textos.

Minha paixão antiga tava linda hoje. Não olhei tanto pra criatura. Olhei mais pra criadora: Clarah. O tal do Nome próprio nem é tão bom.. É meio cansativo, repetitivo e deixa as pessoas "chapadas" na tela, "tudo no mesmo plano", diria meu professor de Literatura e Cinema. Conflitos sociais não aparecem. Não explicitamente. O mote é o indivíduo, e nem por isso o filme tem uma perspectiva egocêntrica. (Ou tem e sou eu que não vejo porque me identifico demais?) Crítica às favas, me peguei pensando; e não é isso que um filme tem que fazer?

O que de fato me chamou a atenção é que esse filme me fez sentir. Me fez sentir o que eu senti quando li o Máquina de Pinball, da mesma Clarah Averbuck, a "Brasileira!Preta". Senti uma imensidão vazia, que é cheia de vida; "um meio de transporte pra quem tem coração cheio".

Fico aqui tentanto definir uma coisa meio indefinível. Sou fã da Clarah. Tenho o livro autografado: um pedaço de papel rabiscado com um nome. So what? Não, isso não é ser fã. Eu sempre soube e ela me ensinou a me ensinar de novo. Sou fã da VIDA dela, da vida desregrada, sem amanhã, sem ontem, só hoje. – É um Cazuza não-burguês e sem AIDS... e mulher... É, não tem nada a ver. – Sou fã porque minha vida não é assim, minha vida é de "Oi, tudo bem? Dúvida? Sim, Gramática, Literatura, Redação. Olha, tenta refazer e traz a nova junto da antiga pra gente comparar... De nada... Bons estudos... Volte sempre...". E o pior é que às vezes eu gosto, mas reconheço que pode ser estupidificante se a gente não conseguir pôr o que somos de verdade, de carne e osso e alma, no trabalho. Acho que gosto dela porque ela faz o que gosta, minto, faz o que ama. Sou fã disso, da postura, dela.

Esse é o mundo em que vivemos. Do tal do dinamismo, modernidade e esse caralho. Nos faz ter ídolos que são o que não somos. Mesmo que se fodam por não terem dinheiro, não terem bem onde dormir, são fodas mesmo assim. Têm amigos, mesmo que esses os traiam depois, têm amor pelas coisas, pelas pessoas, pela vida. Intensamente hoje. Eu a vi e me vi na tela. "Não as duas que ele teve, mas só a que eles não têm". Apaixono por todas elas: Clarah, Camila e Leandra. Lindas. Paula também. E todos que se metem nos seus caminhos. Sinto falta de amar as coisas; de me ler nos livros, de me ouvir nas músicas. Por isso escrevo eu mesmo, quando me falta o eu no que vivo. E me sinto mais inteligente - e até capaz de escrever coisas inteligentes - depois de sentir a presença dela(s). Mas, ao mesmo tempo, não.

No fundo, acabo que sou como o nerdzinho metido a entedido de cultura que cresceu regado à superficialidade de tudo-à-mão e de filme pornô, mas que não sabe tratar direito uma mulher e paga um pau pra uma mina que tem uma vida que nunca vai ser a dele porque nerdzinhos metidos a entendidos de cultura só podem ter vidas regradas e dependentes do dinheiro, sem nunca saber o que é amor, quando muito só sexo.

Quem acreditaria que esse sou eu?

Escrevi isso, já é algum avanço. (Talvez não.) Nem fiquei excitado (conforme o padrão de estímulo-reação do gênero masculino) ao ver o corpo da Leandra/Camila. Isso é mais avanço. Mas só isso não é aquilo.

Eu? Só queria um pouco de vida. Ou de paixão, que dá no mesmo.

Enquanto não, sigo à busca de um Nome Próprio, algo meu, seja Compositor, Cineasta, Escritor, Amigo, Fuck Bud, Poeta, Namorado, Plantonista de Português ou Raphael. Só não pode ser Clarah, Camila ou Leandra. Esses já têm Pessoas. E me apaixono, pelas três e por tudo, sem nunca amar.

Talvez esse seja o erro.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Björk vai se apresentar no Tim Festival deste ano



Ok, agora fodeu.

Ainda mais no mês da Mostra?
É, fodeu.

E o sonho de ver show dos meus cinco favoritos está se concretizando, mas ainda falta o Radiohead.

Se bem que com a volta do Police e do Genesis...

Bom, meio caminho andado.


Björk, aqui vem ela!

quinta-feira, 28 de junho de 2007

"Pedro pedreiro, penseiro, esperando o trem..."

Desconheço quem seja, mas o texto fala por ele.

"Deu no Le Temps de sexta-feira: Eugenio Fernandez passou os últimos oito anos no fundo do poço, ou melhor, do buraco, escavando o túnel do Lötschberg, o terceiro maior do mundo. Foi o ápice da carreira do mineiro espanhol, que, nos 36 anos em que morou na Suíça, passou 34 debaixo da terra. Ele e sua equipe suportaram as condições desgastantes da obra graças à solidariedade e ao orgulho do trabalho bem feito. No fim, foi despedido. Nem pôde participar da festa de inauguração, pois nenhum dos trabalhadores foi convidado.

Lembra o "Pedreiro Valdemar", do samba composto por Wilson Batista e Roberto Martins, sucesso na voz do cantor Blecaute no carnaval de 1949:

Você conhece o pedreiro Valdemar?/ Não conhece/ Mas eu vou lhe apresentar/ De madrugada toma o trem da Circular/ Faz tanta casa e não tem casa pra morar.// Leva a marmita embrulhada no jornal/ Se tem almoço, nem sempre tem jantar/ O Valdemar, que é mestre no ofício,/ Constrói um edifício e depois não pode entrar.

Parece que, nem aí nem aqui, nem ontem nem hoje, nem Eugenio nem Valdemar estão perto de ver a luz no fim do túnel.

José Ignácio"

segunda-feira, 28 de maio de 2007

"A televisão me deixou burro, muito burro demais"

E-mail escrito por uma amiga, sobre a greve da USP.


Peço que repassem artigo em defesa das reivindicações estudantis, escrito pelo professor da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH), cadeira de Latim, escreveu para a Folha, porém, foi vetado.
Ele explica, baseado na documentação oficial, quais foram os motivos pelos quais USP, UNESP e UNICAMP entraram recentemente em greve.
Creio que, ao contrário do que tem feito a mídia, este seja um relato bastante informativo a respeito da crise das universidades paulistas.
O artigo, convém ressaltar, foi vetado para publicação por parte de Uirá Machado, Coordenador de Artigos e Eventos Folha de S.Paulo
Att.,
Camile Tesche



Autonomia, Justiça, Ocupação e Certa Imprensa
Paulo Martins
Professor Doutor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH/USP, Vice-coordenador da Pós-graduação em Letras Clássicas.



De acordo com dados oficiais e oficiosos, a Universidade de São Paulo responde por grande parte da pesquisa produzida no país (26.748 artigos publicados no Brasil e no exterior) e, seguramente, é ela também responsável por oferecer o melhor ensino de graduação ( 48.530 alunos) e de pós-graduação (25.007 alunos), alimentando, pois, o "famigerado mercado" com profissionais competentes. Além disso, poder-se-ia pensar em sua atuação junto à população como extensão de suas atividades que, muita vez, são essenciais principalmente aos cidadãos carentes de nosso "rico estado". Um bom exemplo: o atendimento feito no Hospital Universitário em 2006 a 255.597 pacientes em regime de urgência e 160.565 pacientes, no ambulatório[1] [1].

A quem, então, se deve a qualidade de ensino, pesquisa e extensão que leva, por exemplo, a Universidade de São Paulo a ser ranqueada pelo Institute of Higher Education da Universidade de Shangai (Academic Ranking of World Universities - 2006) como a melhor Universidade da América Latina ou a figurar entre as cento e cinqüenta melhores do mundo, ou ainda, de acordo com a Webometrics Ranking of World Universites como a primeira entre os países emergentes (Brasil, Rússia, Índia e China)? A resposta é vasta, pois passa pela qualificação dos professores (dos 5.222, 96,3% têm titulação de doutor), pelas bibliotecas (39 com 6.907.777 volumes), pelos 47.866 alunos com acesso a microcomputadores. Mas pode ser resumida em uma só palavra "autonomia".

Essa, de acordo com o Dicionário Houaiss, entre outras possibilidades, é: "capacidade de se autogovernar; direito reconhecido a um país de se dirigir segundo suas próprias leis; soberania; faculdade que possui determinada instituição de traçar as normas de sua conduta, sem que sinta imposições restritivas de ordem estranha; direito de se administrar livremente; liberdade, independência moral ou intelectual. " Pois bem, a Constituição Brasileira, em seu artigo 207 (com acréscimos da Emenda Constitucional no. 11), estende o preceito às Instituições de Ensino Superior, propondo:



"As universidades gozam de autonomia didático-cientí fica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão."


Tal aplicação também ocorre na Constituição do Estado de São Paulo, em seu artigo 254:

"A autonomia da universidade será exercida, respeitando, nos termos do seu estatuto, a necessária democratização do ensino e a responsabilidade pública da instituição, observados os seguintes princípios:

I - utilização dos recursos de forma a ampliar o atendimento à demanda social, tanto mediante cursos regulares, quanto atividades de extensão;

II - representação e participação de todos os segmentos da comunidade interna nos órgãos decisórios e na escolha de dirigentes, na forma de seus estatutos."



Foi, justamente, aplicando o conceito à administração didático-cientí fica e à gestão financeira, orçamentária e patrimonial que, a partir de 1988, a população brasileira observou um aumento significativo dos indicadores de produtividade das universidades ainda que restrições severas devam ser feitas à avaliação do desempenho universitário, tendo por base única e exclusiva os dados estatísticos, dada a diversidade e universalidade das atividades acadêmicas, que não podem e não devem ser avaliadas da mesma maneira sempre. Mesmo assim, vale ressaltar que a partir da promulgação da Constituição até 2006, por exemplo, a produção científica da UNICAMP aumentou 602% e o número de vagas de graduação e pós-graduação nas três Universidades sofreu um aumento inquestionável.

Por sua vez, 2007 assiste a uma agressão séria à justiça, princípio moral em nome do qual o direito deve ser respeitado, e ao Estado de Direito, dentro das Universidades Estaduais Paulistas, isto é, assiste a uma transgressão velada da Carta Magna do país e do estado. Sob o pretexto da transparência administrativa, o governo José Serra solapa, a uma só penada e ao arrepio da lei maior, uma conquista da comunidade acadêmica ao publicar "seus" decretos 51.535/07 (que dá nova redação ao artigo 42 do Decreto nº 51.461, de 1º de janeiro de 2007, que organiza a Secretaria de Ensino Superior.), 51.460/07 (que dispõe sobre as alterações de denominação e transferências que especifica, define a organização básica da Administração Direta e suas entidades vinculadas), 51.461/07 (que organiza a Secretaria de Ensino Superior), 51.636/07 (que firma normas para a execução orçamentária e financeira do exercício de 2007) e 51.660/07 (que institui a Comissão de Política Salarial).

Assim, esses decretos, sob o falso e mentiroso resguardo da autonomia, impedem a contratação de funcionários e professores; dispõem do patrimônio das Universidades; vinculam a dotação orçamentária a necessidades práticas e imediatas do mercado e não permitem a livre negociação salarial. Exemplo, propriamente dito, pode ser facilmente aferido num rápido exame de um dos artigos do decreto 51.471/07:



"Artigo 1º - Ficam vedadas a admissão ou contratação de pessoal no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta, incluindo as autarquias, inclusive as de regime especial, as fundações instituídas ou mantidas pelo Estado e associedades de economia mista.

(...)

§ 2º - O Governador do Estado poderá, excepcionalmente, autorizar a realização de concursos, bem como a admissão ou contratação de pessoal, mediante fundamentada justificação dos órgãos e das entidades referidas no "caput" deste artigo e aprovada:"



Vale dizer que as Universidades Estaduais Paulistas são Autarquias de Regime Especial e, portanto, como se pode observar, apenas o Senhor todo poderoso governador do Estado de São Paulo pode efetivamente contratar professores e funcionários para as Universidades. Bem, se essas não podem contratar quando bem lhe aprouver, então sua autonomia inexiste. Esta é apenas uma confirmação do quanto se mente quando se governa. Assim, o repúdio a tais decretos, acrescido de outras reivindicações não menos justas, associado a certa inabilidade política da dirigente máxima da USP, a reitora Professora Suely Vilela, provocaram a crise em que vive hoje a Universidade, que foi coroada com a ocupação das dependências da Reitoria da USP.

Ainda quanto aos decretos, eles soariam muito naturais, esperados e desejados se a sociedade, real proprietária e beneficiária das Universidades estaduais, de alguma forma, encontrasse nelas irregularidades que maculassem a probidade administrativa, ou ainda, não visse nelas um pólo de excelência que servisse de modelo para a educação fundamental e básica, esta sim mais do que vilipendiada pela administração direta de sucessivos governos estaduais, entre os quais aqueles a que se filiam os atuais mandatários do governo. Assim não satisfeitos de serem co-responsáveis com o fim da educação básica e fundamental de qualidade em nosso estado, lançam suas mãos nefastas e nefandas também sobre as Universidades.

Contudo, com desfaçatez e dissimulação, o governador José Serra e seu secretário José Aristodemo Pinotti, afora os asseclas e epígonos sem postos no governo (não sei como) de certa imprensa, mormente, "blogueiros" e articulistas de certa revista semanal, que, de passagem, prima por ser um veículo de pensamento único, disfarçada e dissimulada no pluralismo, no respeito às instituições e ao "Estado de Direito" teimam em transferir a responsabilidade da crise que hoje se vê na USP, UNESP e UNICAMP para aqueles que reagiram à agressão dos decretos e à falta de boa vontade dos dirigentes universitários. A mídia (de modo geral - há exceções) e Governo acusam os alunos de "invasores", desordeiros, baderneiros etc. Não escapam também às suas acusações professores e trabalhadores da Universidade de São Paulo. Seriam estes os manipuladores daqueles, massa acéfala, que, supostamente, incitada, tomou com violência as dependências da reitoria em nome de uma posição partidária ou, como preferem, "em nome de um programa comum da esquerda retrógrada", ou melhor, da "neo-esquerda" que abarcaria - vejam só - o PT, o PSTU, o PSOL e o PCdoB, como se esta unidade já não estivesse inviabilizada desde muito tempo. Afinal os bandidos "remelentos" e "mafaldinhas" ("que merecem ser entregues aos papais e mamães pela PM"), como um desses jornalistas se refere aos alunos da Universidade, estão tentando desestabilizar o governo por puro rancor eleitoral em nível estadual. Ridículo!

Se justiça há a partir da conformidade dos fatos com o direito, violência existe, sim, por parte de um terrorismo de Estado, travestido de respeito ao cidadão, encarnado atualmente pela política do ensino superior do Estado de São Paulo. Mais do que isso, o desejo do governo não é transparência, é, sim, ter poder decisório sobre os 9,57% da arrecadação de ICMS que em 2006 significou em valores absolutos 5,2 bilhões de reais.

O mínimo esperado do governo e da reitoria diante da crise universitária por eles criada é respeito real e concreto àqueles que trabalham e estudam nas Universidades Estaduais. Assim, ouvir a comunidade acadêmica, discutir realmente com ela, recebê-la de fato e, vez por outra, atendê-la em suas reivindicações, longe de demonstrar fraqueza - há que se pensar nisto, haja vista a possibilidade da retirada dos manifestantes pela força policial - são características dos verdadeiros homens de Estado e de efetivos administradores de universidades públicas. É uma pena, entretanto, que atualmente não encontremos nem estadistas no palácio dos Bandeirantes, tampouco bons administradores à frente da maior Universidade do país. Quanto a certos jornalistas, bem, diante deles me calo, afinal para que servem se apenas sabem servir ao poder constituído.. .




[1][1] Todos os dados numéricos foram extraídos do Anuário Estatístico USP - 2006.